15 fevereiro 2010

Stop Carolyn!

Carolynn é uma loira bonitosa, um personagem de um filme trash americano, eu pintava e ouvia enquanto minha filha o assistia, e a Carolynn, por qualquer motivo, chorava. 
Era tirada da histeria por muitos stops.
O filme virou clássico em nossa casa e usamos o mote  sempre que alguém começa a testar limites. Vá com cuidado, pé de pano, senão você fica louca, louca tipo Camille Claudell. 
Calça o pé em algo que não conduz a nada, vai correr atrás do rabo eternamente, cachorro faz isso e é lindo, mas é por brincadeira. 
A foto dos dois rapazes matando o cachorrinho, que você me enviou é um mito da net. Pelo que apurei com especialistas, circula há anos, e não adianta oferecer recompensa pela identidade dos diabretes, parece que é registro de um festival na China. Não vai dar para denunciar no Brasil e se lá é festival, nem lá. O da ilha feita de lixo, sei não, mas seria bom que fosse verdade, lixo unido retornando a tona, verdade é que há muitos anos me ligo nas reportagens da National Geographic que mostram o que o homem faz com seu lixo e nada me deixa mais espantada, pasma com a estupidez do que quando largam balsas com tonéis de lixo tóxico, ou radioativo no mar.
O mar que liga tudo, que equilibra tudo.
Você também pergunta se eu tenho filhos, se eu gostaria que fizessem com meus filhos o que os cientistas fazem no laboratório com os animais. E é justamente porque tenho filhos e pais que quero que os pesquisadores trabalhem. 
É preciso pesquisarem a rotação acelerada. Eu que não sou especialista no assunto não encontro alternativa para pesquisa com animais, devemos procurar juntos, mas ainda me comove mais a dor dos humanos do que a dos animais e isso tem sido tema constante de conversas com meus modernos filhos, que já conseguem passar por bebês sem soltar qualquer exclamação, mas ao encontrarem um cachorro por mais cachorro que seja, não se privam de parar para fazer festinha no bicho e prodigalizar elogios. 
É tão difícil ter certeza absoluta, mas parece que tem algo errado nesta tendência geral. 
Quanto as pesquisas...que sejam controladas, regidas pela ética e públicas as descobertas. 
Evoluindo, ultrapassamos etapas. 
Não foi alienando-se na caverna a vestir porquinho da índia de bailarina que a humanidade evoluiu, e certamente este bizarro comportamento agora só pode ser fuga. 
Tendo duzentos e cinqüenta mil dólares para comprar passagem já se pode viajar via mochila voadora, enquanto pessoas morrem de câncer...ou dengue? Dengue matando? 
Não tenho dinheiro para a mochila, mas fui premiada na loteira genética com quatro filhos saudáveis. 
Meus irmãos e sobrinhos também, meus pais ainda são jovens e saudáveis. Eu acho que seria maravilhoso se doenças degenerativas ou decorrentes da velhice fossem eliminadas antes que eles fossem pegos. 
Não vou te enganar, mais do que vendo a foto do cachorrinho, sofro ao ver o vídeo do idoso paralisado que era espancado pelo seu cuidador, lá em Brasília.
Vi o vídeo que a família fez e levou à justiça. Sofri imenso pela decisão da juíza estúpida que analisou o caso e liberou o agressor por que não havia exame de corpo delito no caso, e não aceitou a filmagem da câmera escondida como prova. 
Urina jogada na cara não deixa marcas, juíza idiota, stop Carolynn! 
E a família dizendo que não acredita mais em justiça dos homens, acredita em Deus...
Já passou da hora de sermos envolvidos por um tsunami de descobertas científicas, 
soterrados por uma avalanche de soluções, que talvez até já existam e não podem vir a tona para serem devidamente apuradas porque ainda damos poder a autoridades dogmáticas e obscurantistas que estão na época em que sexo só servia para procriar. 
Stop Carolynn!
Num dia em que voltava do médico me perdi no metrô República. 
Estava de lentes novas, encantada com a padronagem e modelos de pessoas e roupas, variedade! Era quase 18:00h, e eu sabia que o local naquele horário não favorecia desnorteados deslumbrados com cores. Circulei um pouco mas não encontrei o buraco certo, freios guinchando motores vibrando e o som do sapateado farfalhante dos humanidade nos corredores ...Feliz, eu pensava que embora aquilo fosse confuso, tudo o que é novo é bom de ver, me considerava uma sobrevivente abençoada...Vi uma moça parada, só ela estava parada, me aproximei para pedir informação. Ela estava de costas e quando se virou para mim seus olhos eram profundos e enormes, o oco do mundo. Sua expressão de dor alucinada me levou a olhar para a criança que estava com ela e usava chapéu rosa que não cobria toda a careca. 
A menina vestia uma blusa floral e tinha nove ou dez anos. 
A mãe segurava um saco onde a filha vomitava.
Em pé, 
as duas paradas.
Câncer infantil!
Naquela hora eu mataria dez milhões de ratos para tirar-lhes o suco, se isso fosse preciso para salvar aquela menina, que era pele e ossos dentro do jeans moderno.
Você pensa que não entendo?
Cada vez que mastigo um bife sei de onde ele foi tirado, e como eu queria não precisar me alimentar de outros seres. 
Vegetarianismo? Pesquisadores já descobriram que as plantas reagem aos pensamentos das pessoas que delas se aproximam, que a água responde à música clássica. 
O que você sugere como solução?
Uma seria o desaparecimento do homem sobre a Terra; a Gaya livre de nós, o pessoal que não agüenta mais a própria cara, até desenterrou as tais profecias sobre o final em 2012. Cá com meus botões...acho que vamos ter que suportar nossas escolhas erradas ou falta de entendimento por muito mais tempo. Alternativa Maia?
Desta eu não gosto. Me desculpe se eu existo, diz Jarilene, a empregada doméstica interpretada pelo Tom Cavalcanti no seu programa humorístico, que ao fazer suas estrepolias e ser descoberta apela para o bordão:
Me desculpe se eu existo, planeta Terra, mas já que aqui estou...eu quero ficar até o último momento e quero ver o máximo que estes meus verdes olhos que a terra há de comer, e que já comeu mesmo, possam! Nesta vida, embora todo mundo na minha família seja saudável, eu fui premiada com ceratocone. 
E não reclamo, fui a escolha certa, porque de todos nós eu sou a única Pollyanna. 
Recentemente recebi dois transplantes...estava ficando cega. 
E meus olhos, meus olhos que são teus pintores, salvaram-se graças a dois pedacinhos de duas pessoas que haviam morrido e que familiares permitiram que servissem para eu continuar enxergando. 
Grattia Deum pelos homens da ciência.
Pela manhã quando acordo, a primeira coisa que vejo é a maçaneta da porta do meu quarto, e vejo o brilho que antes já havia e eu não via, sorrio e agradeço obrigado dr.Nosé
O dr.Nosé, durante as consultas me falou sobre um livro que esta escrito em inglês, no qual médicos que trataram de deformação ocular de pintores relatam suas experiências, e eu lhe faço sorrir quando conto o quanto fico extasiada ao ver o brilho de carros vermelhos, em movimento sob o sol. 
Ou linhas de faróis nos engarrafamentos noturnos. 
Eu nunca havia enxergado vermelhos tão lindos como os do trânsito de São Paulo.

E meu vídeo favorito do youtube:http://www.youtube.com/watch?v=ErMWX--UJZ4

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