19 agosto 2021

A Responsabilidade Abandonada.


As crianças que nascem sob a administração de um Estado organizado por normas e crescem sob o manto da cidadania são em boa medida filhas deste governo.
A educação que dele recebem encaminha-os ao futuro.
Quando uma criança nasce numa favela, ela não pode ter como ideal preservar aquele sistema de coisas, tais como problemas de segurança, e inexistência de estrutura de urbanização básica, mas a romantização da vida anárquica é confundida atualmente com a dura realidade que é para muitos nascer condenado a morrer na favela, cedo, mais tarde ou na velhice.
A favela não é má, é mau o abandono imposto ao individuo que nela não encontra a infra estrutura que fora dela alcança as residências e comércios.
O empoderamento da favela, de cada um na favela somente será real quando ele é ensinado que o seu bairro está sendo injustiçado, que ele está sendo prejudicado e que há uma estrutura responsável pelo abandono do seu bairro.
A fórmula encontrada para compensar a injustiça social pela arte e cultura, a Educação atuais foi assumir que a cultura da carência da favela é a que deve imperar e o movimento mudou as produções em todos os âmbitos, escrita, musica, teatro, televisão; tudo nivelado pelo que o povo desassistido de políticas públicas sérias, pode compreender e dita, o que gera um rebaixamento intelectual e de costumes.  É como dizer que se a pessoa mora na favela ela deve ser recompensada de alguma forma e nosso sentimento de culpa entrega a língua escrita falada e televisada a quem não assistimos para educar de forma digna.
Podemos empregar a palavra rebaixamento porque podemos concordar que uma criança negra ou branca aprendendo a ler notas musicais e tendo acesso a cultura erudita que é obrigada a abandonar este estudo universal, sofreu um rebaixamento, já se ela jamais teve acesso a isto, dizemos que a democracia não é abrangente e os direitos humanos são rebaixados pelo governo encarregado de elevar e estimular as potencialidades do seu povo. Um governo assim, que não assume sua obrigação como educador não pode permanecer no poder sob pena de prejudicar ainda mais os que tem menor poder aquisitivo cultural. As classes mais abastadas seguem proporcionando o conhecimento de linguagens internacionais aos seus, somente vemos o povo desvalido simplesmente deixando de poder ter escolha. A ele resta o chão e o limite, a ele a pecha de incapaz da fruição, quando na verdade lhe está sendo negado o requinte do que países de primeiro mundo seguem desenvolvendo. E ainda mais, ensina-se que ele, o povo deve lutar pelo direito a não querer aprender tais códigos eruditos. 
A escola pública custa a mesma coisa quando ensina que brasilidade, regionalismos são importantes, mas estão inseridos num sistema mais amplo, mundial que não faz mal conhecer, desde que os homens obrigatoriamente não sejam rotulados em duas únicas categorias de seres, reacionários e revolucionários. 
é nossa obrigação melhorar o nível geral de comunicação, o contra´rio é mesmo má fé. 
Voltaire diz em suas Cartas Filosóficas, que mesmo no teatro, quando é cômico, o sucesso duradouro está em "matizar carácteres com extrema finura, que devemos almejar quando é o caso, representar em linguagem correta a boa velhacaria."
"Entre os povos cultores das belas artes são necessários muitos anos para apurar-se a língua e o gosto. Quando os primeiros passos são dados, então os gênios se revelam; o estímulo, o favor público prodigalizando a estes novos esforços animam todos os talentos; cada artista aprende em seu gênero as belezas naturais que o gênero comporta."
Senão, ainda, aplicando Voltaire ao Brasil:
O senhor encontrou o carro virado para um lado e apenas o virou para o outro?
Tenho pena de ver muita gente de gênio, para trabalhar com cultura, tendo que se adaptar ao quanto pior melhor.