28 agosto 2011

Giane Cor de Rosa

Clique no título para conhecer meu novo espaço, um jardim que cultivo aqui ao lado, com amor e interesse. Botei nele a plaquinha onde lerás:Giane Cor de Rosa. No mais, votos de um bom domingo! 
http://www.gianecorderosa.blogspot.com)

23 agosto 2011

Nós somos o mundo, nós somos as crianças

Conta a tradição que, na Índia antiga, existia um Guru que costumava reunir-se com seus seguidores para orar e também para ajudar os mais necessitados que os procuravam. Assim procediam em todas as suas reuniões. Ocorre que o Guru tinha um gato. Assim, sempre que todos se reuniam, o gato começava a enroscar-se nas pernas dos que ali estavam presentes, perturbando a concentração. Diante do problema, o Guru decidiu amarrar o gato numa árvore. Dessa maneira, sempre que se reuniam para as meditações, amarravam o gato na árvore.
Passou-se o tempo. Morreu o Guru. Assume um outro o seu lugar, e continuava o gato amarrado na árvore. Morreu o gato. Como já estavam acostumados a concentrar-se com o gato amarrado na árvore, preocuparam-se em arranjar outro. Passou-se o tempo. Morreu o gato. Arranjaram outro gato. Morreu o Guru, mas lá continuava o gato.
Muitos anos depois, essa seita estava a discutir somente os temas referentes ao tipo de gato sagrado que deveria estar amarrado na árvore; qual a corda sagrada com a qual deveriam amarrar o gato? A raça do gato sagrado. Em qual tipo de árvore sagrada se deveria amarrar o gato sagrado etc.
Ou seja, tinham confundido completamente o essencial com o acessório. Não tinham tempo para receber os pobres, os miseráveis, para orar e meditar, porque o importante era discutir a cor do gato, tipo de corda etc.
Nos tempos atuais, o que fazem as religiões e o que discutem os seus aspectos?
Não se pode vestir de preto. Não se pode comer isto ou aquilo. 
Temos de nos voltar para Meca; 
Temos que fazer determinado tipo de sinais religiosos. 
Católico que é católico não deve ler livros espíritas. 
O verdadeiro protestante não pode participar disto ou daquilo. 
Espírita que é espírita não joga nas loterias. 
Tal religião é verdadeira – as outras são equívocos cometidos por alguém. 
O Deus desta religião é o real.
E continua a humanidade a discutir as cores do gato, o tipo de corda e de árvore, esquecidos, no entanto, do essencial que é o  "Amai-vos uns aos outros” pois tudo o mais nos será dado por acréscimo.
Federações, confederações religiosas, estatutos formalistas, opiniões dogmáticas, purezas doutrinárias, autoridades terrenas em detrimento das “espirituais”, orgulho intelectual, agressões à sensibilidade alheia etc., são marcas do nosso quotidiano e, passamos vidas e mais vidas, e os espíritos que ciclicamente reencarnam na Terra repetem-se nas suas fragilidades íntimas, exteriorizando sempre o fruto do seu primitivismo espiritual, independente da religião que abracem, pois nenhuma há que transforme alguém no que ele ainda não é.
Texto extraído do livro Recado Cósmico
Editora Zian.
Jan Val Ellam

Recebi o texto acima do Irmão Manuel Álvaro de Jesus, Presidente da Nova Igreja do Caminho de Porto - Portugal

Foto: O Papa João Paulo II , reestabelecido, visitando Ali Agka, o terrorista que no dia 13 de maio de 1981, durante uma audiência pública na Praça São Pedro, disparou contra ele quatro tiros, sendo que dois lhe atingiram, a mão esquerda, o tórax e o osso do quadril e o cotovelo. A saúde do Papa fragilizou-se após o atentado e ele veio a falecer em 2005. Agca ficou 29 anos na prisão e foi solto em 2010. Ao saber que João Paulo foi beatificado em em maio deste ano, Agca declarou à ANSA que  estava muito feliz pelo reconhecimento dado ao Pontífice,  disse: -Eu, Ali  Agca, proclamo João Paulo ll a melhor pessoa do século passado. Espero em um futuro próximo, poder visitar o túmulo do Pontífice e o Santuário de Fátima".

E clicando no título...clique! É assim, já faz tempo, todos sabem!

21 agosto 2011

Bolas, Bolas!!


Em 1880, os mineiros que escavavam a Table Mountain a procura de ouro deram com almofariz, um pilão e conchas entranhados na pedra a uma profundidade de cem metros.
O geólogo californiano J. D Whitney estimou que a camada geológica que continha os utensílios tinha 55 milhões de anos. Whitney documentou a descoberta, mas seu registro simplesmente não foi levado em conta pelo público e estudiosos.Incompreensível!
 Em 1966, em Hucitlaco/México, a geóloga Virginia Steen Mc Intyre descobriu uma coleção de ferramentas de pedra que os peritos do Geological Survey determinaram ter a espantosa idade de 250 mil anos. Ulalá, Virginia que estimava ter encontrado material de 20 mil anos quase não acreditou, mas documentou, registrou e publicou.
Nunca mais conseguiu trabalho na sua área, teve que mudar de profissão, o sítio foi fechado e nunca mais foi concedida licença para pesquisas mais aprofundadas.
Isso é coisa triste! Tu não achas?
E que tal homens e dinossauros vivendo no mesmo período?
O antropólogo Carl Baugh comanda, há anos, o trabalho de investigação em um sítio às margens do rio Paluxy, perto de Glen Rose, no Texas, onde foram encontradas pegadas fossilizadas de dinossauros e homens na mesma camada geológica.
Quando o achado foi divulgado, imediatamente foi tachado de fraude: "As pegadas humanas evidentemente haviam sido esculpidas". Escavou-se nova camada sob atento registro de testemunhas e lá estavam: homens e dinossauros convivendo, convivendo não sei, talvez um correndo atrás do outro, Mas na mesma estação. "Após examinarmos as pegadas humanas, diz o geólogo Don Patton, vimos que estavam no calcário Cretáceo, na mesma formação que a pegada do dinossauro. No corte da pegada pudemos ver os contornos óbvios sob o dedo e as estruturas sob cada dedo. Numa certa parte sob a pegada, vimos uma inclusão de Calcita, onde a força foi concentrada e produziu as estruturas da pegada, exatamente o que os geólogos procuram. Eliminamos a ideia de que foi esculpida." Um dedo fossilizado de um ser humano foi descoberto no mesmo extracto que as pegadas do dinossauro. Acho que sabemos quem comeu o resto e não quis o tal dedo, que dizem os estudiosos, tem até uma cutícula preservada -comida estragada!
No museu de Klerksdorf, Àfrica do Sul, é possível ver pequenas esferas que foram encontradas em uma mina de Pirifilita, são bolinhas manufaturadas cuja casca fina é uma liga de aço e níquel. A idade do artefato verificada em testes pela técnica de Rádio Isótopo, foi estimada em 2,8 a 3 milhões de anos. Nessa época a Ciência determina que a vida mais aprimorada na Terra era a das algas marinhas. Ainda bem que a Ciência tem tido a sabedoria de chamar o resultado de seus estudos de Teoria da Evolução, não Verdade da Evolução...né? Li este comentário por aí e achei trancendental.
As esferas de Klerksdorp são um cabo de guerra, os cépticos afirmam serem formações naturais, resultado de de metal agregado a um núcleo orgânico, mas não conseguem explicar os três sulcos paralelos da circunferência do material, e nem porque teem o formato idêntico a lua Iapetus, a terceira maior de Saturno.
Iapetus foi descoberta em 1671 por Cassini, e a 10 de setembro de 2007 a sonda que leva o nome do descobridor passou por ela a 1.640 km de distância. Nessa vizulização constatou-se que seus hemisférios são crateras. Por isso a ficção científica teima e esconder nela as naves dos fugitivos das caçadas interestelares, viu? Mas voltando a realidade, Iapetus na mitologia (?), era filhos de Urano e pai de Prometheus e Atlas, e ancestral da raça humana.
São muitas as curiosidades a respeito de Iapetus, que possui os dois hemisférios radicalmente diferentes, o visível é claro e brilhante como Europa, presume-se que feito de gelo, e o oculto é negro como carvão, presume-se que de material rochoso, é um pendant de Ing e Yang e tanto! Detalhe: o lado branco e o negro são abraçados por uma crista perfeita que estudiosos dizem que seria remanescente da forma oblata da Iapetus jovem, quando girava mais rápido do que hoje. Os Mochileiros da Galáxias afirmam que Iapetus é um satélite fabricado, olhando bem...Aguardemos queridos, a próxima visualização com maior aproximação será em 2015, eu já coloquei na agenda. 
Foto:Iapetus e algumas Sementes, digo bolinhas bem antigas encontradas 
em escavações pelo mundo afora. 
Dados relidos livremente e foto no Catavento Cultural, em São Paulo, com a réplica em tamanho natural do Cleptodonte que viveu no Brasil há 10.000 anos
Esferas de  Klerksdorf, foto da Net.
http://www.acasicos.com.br/html/hoevol.htm e na NET
Clicando no título da postagem veja o Dr. Carl Baugh, o da descoberta de Glen Rose.

19 agosto 2011

Nhotim, Rô Gonçalves e Bolas

A artista plástica Iayoi Kusama, hoje com 82 anos, em 1975 resolveu deixar Nova York e voltar para o Japão, pediu para ser internada em um hospital psiquiatrico, sofre de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), ela vê o mundo repleto de bolinhas, bolões, bolotas, bolitas, enfim... História da Arte norteia, e a arte também é terapia. Rosângela Gonçalves, ministra o curso de história da arte e vai enriquecendo as segundas-feiras, compartilhando seu conhecimento enciclopédico em aulas cheias de ritmo e descontração. O curso de História da Arte Universal iniciou nesta semana e vai até dezembro, no Museu Brasileiro de Escultura - MuBE. Na primeira aula, Rô falou um pouco sobre Kusama,que apesar de internada há 36 anos, continua produzindo. Pela evolução do trabalho, manifesto a princípio por obras com bolas esparsas, eu arriscaria que está quase sã, já que as bolas interiores agora cobrem completamente os lugares por onde passa. Se é melhor pôr para fora...
Na semana passada estava pesquisando e encontrei fotos de uma instalação da Kusama no Museu de Arte Contemporânea Nhotim (localizado em Brumadinho, município de Minas Gerais que dista 60 Km de Belo horizonte), apresentada como artefato extra terrestre encontrado em um lago, que tal se quem divulgou desta forma o trabalho dela, acrescentasse imagens dos artistas nadando de tip top vermelho entre as bolas flutuantes metálicas, no dia da inauguração da obra? Eu já conhecia a instalação de uma pincelada de Rô no curso do ano passado - Curso de História da Arte desmascara fraude dos ovos aliens! Mas garantir que Kusama não seja...bien, daí...podem estar chocos, mas seriam? E lá se foi a turma do curso de História da Arte passar alguns dias em Minas visitando o maior parque museu da América, quiçá do planeta, sem saber desta. Ou terão ido por isso? Ano que vem eu vou, este não deu, é imprescindível ficar pintando  triângulos - muitos, mas não fazem toc, toc, fazem vzuum nhum, bem grave, como...espere, como a gente pode explicar um som que não sabe onde ouviu, mas que está na memória?
Rô prometeu Mesopotâmia e Antigo Egipto para próxima aula, Joseph se escabelou: oh não, eu deveria te acompanhar é nessa, meu período favorito! Mas após a aula sobre Nhotim, fala sobre as obras de Chris Burden, Edgard de Souza, Janet Cardiff e George Bures Miller, Jorge Macchi, Matthew Barney, Rivane Neuenschwander, Valeska Soares e Yayoi Kusama, Tunga, Cildo Meireles, Adriana Varejão, Doris Salcedo, Victor Grippo, Matthew Barney, Rivane Neuenschwander, Valeska Soares e Doug Aitcken, os artistas que tem pavilhões e exposições peramenentes em Nhotim, como se fossem personagens do último Harry Potter.
O site do Nhotim, mencionado por revistas especializadas como um dos 40 lugares mais interessantes da Terra para se conhecer, é: http://www.inhotim.org.br
Na foto, a obra Obliteração da Eternidade, ou Depois de Marte, obra de Iayoi. Não sei não, mas se esta não viu o Dilúvio, pelo menos pisou no barro!
E clicando no título da postagem, ulalá mon amour, os caras estão fazendo acontecer, só podia ser TED!

17 agosto 2011

O Carro

Em geral as pessoas acham bom procurar distração; isso é totalmente desnecessário quando se vive intuitivamente, porque a distração estará presente e tudo o que se possa desejar de um prazer sadio virá como um acompanhamento natural do fato de se viver intuitivamente. Prazer, não complacência. ademais, moralidade é utilidade. Obedecemos às normas de trânsito, porque sabemos que, se não o fizermos, nos mataremos e também mataremos outras pessoas. Ao mesmo tempo, é um panorama impressionante acompanhar o movimento de um grande circuito de trânsito e observar o preeminente espírito de cooperação intrínseco no fato de "obedecer às normas". Trata-se de uma oportunidade em que há mútua concordância, inteiramente impessoal, e em que as possibilidades de fraternidade são vagamente percebidas.
essa ação de intuição pode parecer autocrática e em nossa era democrática, hesitamos diante de qualquer coisa que tenha visos de autoritarismo. no entanto, a natureza é autoritária! Por mais que tentemos, podemos acaso fazer alguma coisa para deter as chuvas periódicas, as enchentes, os terremotos, as erupções vulcânicas e tudo mais? A natureza no homem que se respeita a si mesmo é a única espécie de autoridade a que ele deseja se submeter, mas para compreender e cooperar com as leis da natureza, é preciso inteligência e iniciativa. Podemos ajudar na criação de certas formas vegetais e animais que não existiam, mas temos sempre de operar segundo as leis naturais, que são invariáveis. somos produto da natureza, nossas mentes, nossos corpos e funções surgiram todos pelos ditames da natureza. então porque devemos ficar chocados diante da sugestão de que os aspectos morais e éticos da vida também teem seu modus operandi nos domínios invisíveis da natureza? Se é assim, então o desenvolvimento não é tanto uma questão de assumir uma "forma" original, mas de descobrir o que essa forma deve ser. ela pode ser descoberta, porque já existe intrissecamente; apenas o direito a livre escolha nos afastou disso. Uma árvore pode ser vergada pelas pressões que atuam sobre ela, obrigando-a a acrescer retorcida. Isso não significa que ela tenha pretendido crescer desta maneira. A árvore não tinha escolha. as circunstâncias determinaram a sua forma.
Podemos escolher, e de fato o fazemos, a forma que tomaremos, e ninguém pode examinar a natureza humana de perto sem se dar conta  da constrangedora disparidade existente entre os sentimentos que se expressam e os que ficam implícitos. assim, se os intelectuais se escandalizam com o fato de defendermos a descoberta dos princípios morais e éticos que regem o Universo, intrínsecos na natureza e em cada um de nós, então só podemos dizer que eles são "irrealistas" (quantas vezes uma pessoa intuitiva é acusada de ser irrealista!) por não levarem em conta o inevitável. Se nos dizem que está chovendo lá fora, embora não possamos ver a chuva, isso não altera o fato. Contudo tomamos conhecimento dele, isso evidentemente dá ordem ao nosso dia.
Se há qualquer coisa de que esse mundo necessita mais que tudo é de estudar intensamente a natureza - suas formas, suas estações, seus caminhos - tanto nas florestas como nos nossos próprios corpos e mentes. Inúmeras vezes foi dito e raras vezes levado em conta que tudo o que precisamos saber está exemplificado na natureza, se ficarmos suficientemente tranquilos e atentos para ver. Prestar atenção à natureza e aprender com ela chegou a ser considerada uma ocupação ligada ao jardim da infância, a Rousseau, aos poetas, artistas e outros "visionários", não tendo qualquer valor prático para nosso mundo civilizado e sofisticado. Nada, por certo, é mais prático do que tomar conhecimento do significado e da função originais do nosso próprio ser. até que isso ocorra, nem sequer podemos começar a viver de modo significativo.
Se captarmos por uma vez que seja, toda a verdade do que nos é dito - que só podemos começar a viver quando nos compreendermos em relação à natureza - então uma grande mudança se verificará. ela precisa ocorrer. Sejam quais forem os compromissos que tenhamos para com nossos amigos, a nossa família e com a sociedade, no momento em que a compreensão intuitiva chega, não há obrigação mais importante do que ir ao encontro do seu significado à nossa própria maneira individual -seja ela qual for. É inútil dizer: "Tenho de esperar até que tenha cumprido todas as minhas obrigações. Economizarei para ter dinheiro e, então ter tempo para sentar-me tranquilamente e descobrir essas coisas." Isso nunca acontecerá deste modo. A vida continuará a pressionar e seguiremos pensando continuamente que algo é mais importante ou precisa ser atendido.  Essa crença é sempre amparada por todas as boas pessoas que pensam saber o que é o dever de um homem!
Se é verdadeira a premissa de que, pela via intuitiva, podemos no devido tempo chegar a ser infinitamente mais úteis a nós mesmos e à humanidade, onde então reside essa nossa obrigação? A equação de Polônio não é exatamente um bom conselho, nem um raciocínio profundo: é uma máxima, um fato natural. A prova é se uma pessoa pode aguentar as invectivas dos amigos bem-intencionados e ter a maturidade e o discernimento para ver a sua primeira obrigação, seja qual for a espécie de desajeitado que isso o faça parecer aos olhos da sociedade. As pessoas que importam, respeitarão a sua integridade; o restante se desvanecerá, que é como deve ser.
Há só uma coisa a dizer sobre a possibilidade de cometer erros. Nós os cometemos. O mesmo ocorrerá com qualquer pessoa, e quanto mais preocupados estivermos em ser perfeitos e em não perder a oportunidade, mais tolhidos ficaremos, até que o esforço se torne insuportável. Tentando ser perfeitos, estaremos indo totalmente contra a intenção do processo intuitivo, que é a de nos mostrar as nossas próprias fraquezas e de nos transformar em seres ativos e fortes com um objetivo digno na vida. Aquele que tenta forçar o processo -para permanecer sempre imaculado - terá de finalmente se defrontar com o fato de que seu próprio esforço tem origem no orgulho, a mais comum e desastrosa de todas as fraquezas. Há em cada homem algo que está muito próximo da perfeição - esse eu, alma ou princípio de onde a intuição brota.
Há um modo de encarar esse fato sem perder o próprio equilibrio. Que o espírito fique satisfeito com o fato de haver, em cada pessoa, algo inteiramente digno, ainda que oculto. Em seguida volta-se a atenção para a maquinaria do eu, como quem examina as imperfeições de um carro. 
Há, naturalmente, queles que são tão rogulhosos de suas posses que jamis admitirão os defeitos dos seus carros, tão estrita é a identificação do "eu" com o "meu". Mas a maioria de nós admite que mesmo os melhores carros teem imperfeições, e se formos propensos a mecânica, materemos os ouvidos regularmente sintonizados com qualquer sinal indicativo de defeito no funcionamento normal. da mesma forma, o intuitivo deve manter atento o seu ouvido em relação a si mesmo, aceitando as suas vulnerabilidades e defeitos, decidido a uma só coisa: descobri-los e cuidar imediatamente deles.
A intenção da anlogia é tirar da observação o elemento de consciência e dar-lhe uma atmosfera inteiramente impessoal. se alguém estiver decidido a fazer, séria e honestamente, a descoberta de si mesmo, isso por si só é o mais elevado fator moral a que talvez possa aspirar.
Podemos dizer que ele corta pela raiz todas suas outras fraquezas, de modo que basta a coragem para se sustentar ao chegar a hora. A consciência, assim como o medo, só tem sentido nos níveis mais baixos de percepção. O intuitivo sumplanta completamente o medo, assim como a consciência no seu sentido restrito. Seus princípios de ação são demasiado amplos e abrangentes para serem empregados no desperdício e incômodo da dolorosa autocondenação a cada instante de erro, porque estes são numerosos durante o processo de desenvolvimento, e se o intuitivo tiver de sofrer a cada momento, se desgastará e morrerá de alguma doença nervosa antes que tenha saído indene da batalha.
ele deve ser bastante amadurecido e objetivo para não se julgar com muita tolerância, nem com excessivo rigor, e sem ser tão impessoal como o é par seu carro.
Há outro aspecto nessa quastão de cometer erros. A própria palavra encerra uma tola conotação moral que nos faz recordar como nos sentíamos nos bancos escolares. em certo sentido, não existe isso que chamamos de erro.Estamos todos nos esforçando, consciente ou inconscientemente para descobrir o que é a vida afinal. Pode ser muito necessário que façamos repetidas coisas tolas até que o poder da atração dessas coisas cesse. se é necessa´rio, é necessa´rio. O método de tentativa e erro é demorado e árduo e leva a muito desperdicio e destruição; mas, para a maioria de nós, é o único caminho. até mesmo as pessoas mais inteligentes provavelmente teem de repetir mais de uma vez. Como, porém, a intuição surge para suplantar o lugar do intelecto, o método de tentativa e erro tenderá a render-se à percepção direta.


Extraído de O Processo da Intuição, Uma Psicologia da Criatividade, 
de Virginia Burden, traduzido por Daniel Camarinha da Silva -Editora  Pensamento, 
Edição original de The Thosophical Publishing House, 
Weaton, Ilinois, divisão da Theosophical Society in America.

E depois, depois vem...clique no título!

16 agosto 2011

Istituto Italiano di Cultura convida - Flauta e Cravo

 CONCERTOS CULTURA ARTÍSTICA – ITAIM
    Local: Cultura Artística - Itaim
    Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 1830, Itaim Bibi (SP).


Clique no título da postagem  para Jesu Joy Man's - Desiring.


15 agosto 2011

Ruth Lomboglia avisa, festeja e conta história!


A Ruth fez aniversário na semana passada; festas e abraços...Ruth sorri. Suave e sábia mediadora dos encontros do grupo de contadores de história Era Uma Vez do Centro de Cultura Judaica, Ruth marca pela simpatia competência e seriedade -incontestável - Ruth determina, apazigua e acolhe, ai de nós-de mim - quando fala escrevendo, sem sorrir! No dia do seu aniversário convoca: "Divulguemos - O Era Uma Vez fará seleção de novos voluntarios no dia 17 de outubro. A entrevista será na Casa de Cultura Judaica- Rua Oscar Freire, 2500 ao lado da estação de metrô. Ás 18:00hs.Mande um email confirmando sua participação, com telefone, R.G e nome completo." Hoje enviou Nasrudin. 
Ruth? Ela é uma aquarela, digo, também pinta aquarelas:
Mullá Nasrudin transportava pessoas entre duas margens de um rio muito largo. Um dia, um homem letrado contratou-o para transportá-lo no seu barco.
 A dada ocasião, Nasrudin disse algo que contrariava as regras gramaticais.
- Você nunca estudou gramática? - perguntou o estudioso.
- Não, nunca - respondeu Nasrudin.
- Nesse caso, metade de sua vida se perdeu - retrucou outro.
O Mullá não disse nada.
Tempo depois desabou uma terrível tempestade. O barco começou a encher de água. Nasrudin ficou em silêncio durante algum tempo até que finalmente perguntou:
- Você nunca aprendeu a nadar?
- Não, nunca – respondeu o homem letrado.
-Nesse caso - disse Nasrudin - toda a sua vida se perdeu. Estamos a afundar-nos.
***
Volta e meia, Nasrudin atravessava a fronteira entre a Pérsia e a Grécia montado no lombo de um burro. De todas as vezes passava com dois cestos cheios de palha e voltava sem eles, arrastando-se a pé. Os guardas desconfiaram sempre dele, mas, a cada vez, procuravam por contrabando sem nunca encontrar nada.
Anos mais tarde, com uma aparência cada vez mais próspera, Nasrudin mudou-se para o Egipto. Lá encontrou um daqueles guardas de fronteira que entretanto se tinha reformado.
- Diga-me, Mullá, agora que eu estou reformado e você fora da jurisdição grega e persa, instalado no Egipto, o que é que você contrabandeava que nunca o conseguimos apanhar?
- Claro que sim. Era óbvio: burros.
***
Nasrudin, sentado na sala de espera do consultório médico, repetia em voz alta: "Espero que eu esteja muito doente", o que deixava intrigados os outros pacientes.
Quando o médico apareceu, Nasrudin repetia quase gritando:
"Espero que eu esteja muito doente".
"Por que você diz isso?", perguntou o médico.
"Detestaria pensar que alguém que se sinta tão mal como eu não tenha nada!".

Parabéns, Saúde, PAZ E LUZ e Chiribim Chiribom para Ruth, clique no título da postagem!

12 agosto 2011

Vitaminando

Todo mundo se queixando de que seus animais de estimação estão desenvolvendo cálculos renais. No início deste ano aprendi esta receita com uma criadora. Ela substitui a ração por este preparado caseiro e carinhoso para alimentação de seus cães, estou fazendo como ela ensinou e minha cachorrinha maltês, está mais feliz e participativa. Na semana passada sofreu um acidente e está se recuperando muito bem, mas nos exames vimos que já haviam pequenas formações de cálculos nos rins, penso que substituí a alimentação na hora certa. Além de ser saudável, o custo é inferior à alimentação industrializada de boa qualidade. Preparo uma vez por semana, divido em porções e aqueço levemente antes de servir. Recomendo: 
Ingredientes:
 -Carne de músculo bovino moída (tem menos gordura)
-pitada de sal
-Arroz
-Alho
-Cenoura
-Salsa
Modo de preparar: Fritar a carne com pouca gordura e pouco sal e acrescentar 6 dentes de alho picado para cada quilo de carne, não é preciso refogar o alho, deixe que fique branquinho mesmo, acrescente . Preparar o alguns minutos antes da carne ficar pronta. Prepare o arroz da forma convencional em separado, a quantidade de arroz depois de pronto deve ser a mesma da carne, não superior. Descascar e cozinhar 5 cenouras grandes para cada quilo de carne, quando estiver cozida picar em cubos pequenos, Assim que todo o material esteja cozido, misturar delicada e demoradamente, condicionar em poções separadas para congelar. Quando for servir, acrescentar grande quantidade de salsa fresca picada miudinho sobre o prato.O perigo é que o cachorro aprenda a abrir a geladeira!
Também sei fazer pasteizinhos, mas é óbvio o trabalho que isso representa, por isso não faço, mas o Mike Myers, vestido de gato, ensina (O Gatola de Cartola, inspirado no livro de Dr.Seuss). É só clicar no título da postagem!

10 agosto 2011

Larry Brilliant - Energia Renovável

     Foi um ano custoso de passar, doloroso e estranho, Larry enclausurou-se de alma esgarçada.     Falta do pai,  falta de vontade de seguir a fila, falta de...grana, não sei -faltando algo, sobrando interrogações. O pai morreu de câncer, poucos dias depois o rapaz de 19 anos perde também o avô...O lado negro da Força rondando, e os homens em fila.  Larry na caverna por um ano. 
Desaprendeu limites, casou-se com sua colega de escola; Girira, e passaram do quadrado para o círculo. Larry agora é médico, viajam para Índia, todos estavam lá. Em Nova Delhi conheceu Ram Dass (Richard Alpert,que mais tarde viria a fundar a Seva Foundation e Hanuman Foundation). 
     Girija convenceu-o a acompanhar Ram até as montanhas para juntar-se ao guru Neem Karohu Baba. Enquanto sombras escuras guerreavam ondulantes, os que lhes deram seu desconhecimento  meditaram e praticarm yoga com Baba Karomu. Mas o mestre não queria um médico estacionado ali, enquanto a epidemia de varíola vitimava meia Índia, após um tempo convivendo com Larry percebeu -mestres percebem - esse cara tem algo de santidade -  enviou o hippie a Nova Delhi para oferecer-se para trabalhar na Organização Mundial da Saúde, Larry partiu na mesma noite, foi recusado. De volta ao ashram, deu um tempo e voltou a carga, contrataram-no como ajudante no escritório, isso porque viajou para pedir qualquer vaga por umas doze vezes! 
     Numa das romarias encontrou um jovem descalço e careca no meio do caminho, ia para o seu ashram, era Steven Jobs (que mais tarde seria o co-fundador da Apple Inc e NeXT) a semente estava na Índia.    Steven ainda é budista, anda descalço e trabalha de bermuda, mas os adversários acusam-no de déspota, é o que podem; Hobbes escreve em Leviatã: "Os homens usam as palavras para ofender os outros; pois vendo que a natureza armou as criaturas vivas, umas com garras, outras com chifres e outras ainda com patas para ferir um inimigo, é um mero abuso da linguagem feri-lo com a língua."
     Quando Larry Brilliant foi aceito para o trabalho na OMS haviam aproximadamente 190.000 de casos de varíola e o pessoal da Organização viajava pelos mais remotos vilarejos tratando, conscientizando e muitas vezes agarrando à força para vacinar. Como não havia automóveis suficientes, Larry, para ele, alugou um elefante e por dois anos vasculharam vila por vila. Três anos após a entrada de Brilliant na organização a varíola estava erradicada da Índia. Larry tem carisma. Uma habilidade para administrar, organizar e inspirar." Declara o dr. D A Henderson, que foi chefe de Larry na OMS.
     Girija e Larry voltaram para casa, tiveram três filhos, ele escreveu: "Se a varíola pôde ser vencida na Índia, outros milagres podem se realizar por toda a nave-mãe Terra". Com Wavy Grave e Ram Dass, organizaram a Fundação Seva que tem por meta prevenir e curar a cegueira em países pobres; a primeira doação que receberam foi do careca descalço que Larry conheceu  na Índia: Stevem Jobs. 
     Sempre encantado com tecnologia, Larry desenvolveu o método de conferência virtual e fundou a NETI , disponibilizou equipamento e Stewart Brand, da Whole Earth Catalog, providenciou interessados em conversar via computador. Como o forte de Brilliant -um santo - nunca foi finanças, surgiram os problemas financeiros e em 1991 ele vendeu sua parte no negócio ao parceiro, mudou-se e com o irmão, abriu uma empresa de cartões telefônicos, andava no entanto com a mente no Wi-Fi, a tecnologia recém criada. 
     Quem o conhece e acompanha comenta sem assinar depoimento: "Larry não é um empreendedor de sucesso, seu corpo e sua alma sempre estiveram no mundo filantrópico. "Não há como assinar, Larry é unanimidade, um ser tão profundamente humano que destoa totalmente dos impulsos gananciosos do mercado.. Peter Gabriel diz que Larry transmite esperança, Bob Wier, co-fundador da Grateful Dead diz que Larry  "é uma porra de um santo de carne e osso". 
Mas seguindo a cronologia: deu com os burros n'água no negócio dos cartões telefônicos, o Wi-Fi engatinhava e ele andava a aprender junto, e agora era diretor executivo da Fundação Seva, constuindo clínicas de oftalmologia nos países de terceiro mundo e treinando médicos, o projeto sob seu comando restaurou a visão de 2 milhões de pessoas. Tinha os três filhos na faculdade e recebia na Seva o salário simbólico de US$ 1 por ano, o queridinho! 
     Andava sem saber o que fazer por si, já que pelos demais...quando em 2005, juntamente com alguns cientistas, pensadores e a elite do Vale do Silício, foi indicado e recebeu um Prêmio TED de US$100 mil.    Quando foi informado que receberia esta quantia para desenvolver um projeto que "tornasse o mundo um lugar melhor", achou graça e demorou a crer que não era trote. Pensou, pensou e adivinha: meses antes andara pesquisando o trabalho de uma fundação canadense que descobrira o vírus da SARS, ele empregou na pesquisa um programa de procura multi idiomas que o deixou ligado  no potencial da nova tecnologia, ideal para detecção e confrontamento de dados. Naquela época surgia a ameaça da gripe aviária através do vírus mortal H5N2, ele fora informado por um alto oficial da OMS, que a gripe aviária poderia matar cerca de 150 milhões de pessoas. Fez do rastreamento dos dados para detecção preventiva de epidemias usando e desenvolvendo a nova ferramenta, seu projeto. A Google, que foi fundada com a crença de que o capitalismo do Vale do Silício poderia salvar o planeta e tem como lema: "Não seja do mal", ofereceu-lhe emprego, para trabalhar na nova operação da Googleplex, a Dot Org, um experimento inovador sobre a experiência filantrópica que no Velho Mundo consistia em explorar, enriquecer e então doar uns trocados para a caridade, ou muito dinheiro - que fosse - mas investido de forma ineficiente. No livro O Fardo do Homem Branco, William Easterly critica duramente sistemas benfeitores tradicionais ocidentais, que nas últimas cinco décadas gastaram US$2,3 trilhões em ajuda  a países estrangeiros, e mesmo assim não foram capazes de distribuir remédios que custavam 12 cents em quantidade suficiente para evitar que crianças morressem de malária".
     Na Dot Org, Larry tornou-se o canal entre uma montanha de dinheiro e uma multidão de pobres e famintos. Atucanado, ele evoca sua experiência na Índia: Há quinhentos degraus entre a estrada e o Rio Ganges, pelo caminho todo você via a miséria - mendigos, pessoas morrendo de fome, leprosos. Digamos que tenha algumas moedas sobrando - como decide para quem dar? Uma pessoa que perdeu a mão merece mais do que outra que perdeu a perna? Alguém passando fome e à beira da morte, ou uma mãe com um filho doente?" 
Sobre a DotOrg., diz que "a idéia não é simplesmente dar dinheiro, mas também permitir que a Google invista em projetos que tenham potencial benéfico e dêem lucro ao mesmo tempo, podemos doar como uma fundação tradicional, investir em novas campanha e abrir algo nosso". 
O texto acima é uma leitura livre de uma entrevista que Larry Brilliant concedeu a Jeff Goodell na revista Rollingstone, edição 20, de maio de 2008,  foi traduzida para o português por J M Trevisan.
Encerro com a transcrição exata do último parágrafo:
Brilliant, com sua inabalável fé na vontade humana, permanece certo de que a DotOrg pode ser uma força para o bem. O que o preocupa atualmente não são as corporações inescrupulosas, e sim a intolerância religiosa. Afinal, para quem acredita que o amor é tudo o que precisamos, nada mais assustador que o ódio. "Costumava achar que o terrorismo era um vírus, e que o amor era a cura. O que me tira o sono é saber que os norte-americanos não entendem que há bondade em todas as religiões. O que me preocupa é que talvez não entendamos que estamos todos juntos nesta. Como iremos construir um lugar onde as pessoas se amem mais do que se odeiem?". 
No momento, Larry Brilliant se equilibra entre promessas feitas e promessas a serem cumpridas. Na conferência TED, Jeff Skoll, outro bilionário do eBay, trasnformado em filantro-empreendedor, se aproxima para falar sobre uma viagem recente em que os dois fizeram à Índia. Na noite seguinte haverá o jantar dos bilionários e no outro dia um jogo de golfe em Pebble Beach.
     Brilliant sabe das contradições existentes entre os vários mundos que habita, mas tem claro para si que ele próprio, como o modelo de filantropia que procura, é um tipo de híbrido - hippie e tecnológico, humanista e capitalista, otimista e realista. Quando pergunto se ele tem medo de ter vendido a alma em troca de um convite para o Baile dos Bilionários, ele se inclina de novo, quase sussurrando: "É como meu amigo Wavy diz: A arte da vida é colocar o pouco que você tem no lugar onde possa fazer a maior diferença."


Clicando aqui, o som da abertura http://youtu.be/1fqx2nB1feA

09 agosto 2011

Duas pequenas frases que frequentemente tornam a voltar

Quem é Vincent? Agora ele tem quatroze anos, mas para mim ainda é um garotinho. Meu segundo filho. O mais velho é Daniel, vinte anos este ano. Há também Alberte, onze anos, e Pauline, nove anos. Meus filhos.
A pequena frase que ouço mais frequentemente creio que é essa: "Como começou a escrever?" ou "Eu a admiro por escrever com esses quatro filhos." Aqueles que me fazem essa pergunta em geral são os mesmos que, um momento depois, me pedem para fazer uma conferência em Angoulême, para ler um manuscrito de seu primo, para redigir um artigo "que não me prenderá mais do que um instante." sobre Madame de La Fayette ou sobre a vida de Flaubert.
Não sei que responder. digo grosseiramente: "É uma questão de organização." Que queriam que eu dissesse?
A segunda pequena frase, às vezes disfarçada de uma certa admiração esportiva, às vezes de uma indulgência irônica, é: "Deve ser cômodo ter fé" ou "Eu a admiro por ter..." ou "Você teve a oportunidade de ter..."
Não sei que responder. Digo grosseiramente: "Não tão cômodo." Depois um remorso me toma: "Sim, cõmodo, num sentido."
Não sei responder às perguntas. Ou antes, não sei responder às perguntas senão por imagens. Olho meus filhos, meu trabalho, minha fé. Digo-me:"Ei-los", como a gente diz ante o espelho: "Eis o meu rosto." aos outros cabe defini-lo. Para mim as definições...
No dia em que tive com Vincent uma conversa que anotei, porque ela me divertia, fomos tomar chá perto de Saint-Séverin, numa hospedaria inglesa onde há boas tortas de limão. Não era para reconpensá-lo; ele absolutamente não o merecia. Mas simplesmente porque tínhamos vontade de falar. Vincent com onze anos: mau aluno, turbulento, indisciplinado, imprudente escalador de andaimes, alma terna afogada em lágrimas por causa de uma palavra de reprovação, impenitente pau-para-toda-obra, sempre coberto de cola e de pintura, devorando livros de ciências naturais e Arsène Lupin; às vezes um pouco afetado, sujo como um porcalhão, os mais belos olhos do mundo e conhecimentos de teologia. Ainda não o defini de jeito nenhum.
Que ele tivesse vontade de falar comigo, "e se fôssemos tomar qualquer coisa para falar um pouco tranquilamente?" era o momento mais colorido da minha vida, um desses momentos que, em contraponto a muitos manuscritos lidos e louça lavada formam o fio condutor de nossa verdadeira vida, do que contou verdadeiramente, e o que nem sempre é o mais importante na aparência. No dia em que Alberte tocou pela primeira vez em público (piano) e no dia em que, saindo da escola maternal, agarrou um garotinho, no dia em que Pauline disse pela primeira vez: "Janto na cidade." (ela tinha cinco anos) e no dia em que ganhou um prêmio de ortografia: ela tinha naquele dia um avental novo e um ar de criança bem educada! O primeiro poema de Daniel e sua primeira bebedeira, e o dia em que ele comprou seu saxofone e em que ficamos todos cheios de admiração ante o instrumento cintilante em seu estojo de veludo aplicado, e o dia em que, imerso na banheira, com um biscoito mordido na saboneteira, ele me disse: "Esta noite tive um sonho formidável. Eu fazia uma grande e perigosissíma viagem e aparecia no meio dos selvagens a casar com uma jovem maravilhosa." Toda a juventude simples do mundo, aquela das canções e dos poemas, que desde as Cruzadas impetuosamente se arremesssa sempre com a mesma alegria, brilhava em seus olhos, que são grandes e verdes. Eis momentos que estão bem ligados a alegria de escrever. À alegria de crer. Outros estão ligados ao sofrimento de crer e de escrever. Tudo isso não resulta senão em uma só coisa. Mas essa "uma" responde às duas pequenas frases?
Naquela noite eu disse a Jacques:
-Você devia nos pintar. 
Fazer um grande quadro com toda família. Nós dois, e depois as crianças, os animais. Dolores. Todos os pintores fazem isso. Selbs-bildnis. O artista e sua família.
-O chato é que nesse momento não sou figurativo, observou ele mordendo o cachimbo.
-Bem, bem. Sempre para mim todas as obrigações fastidiosas...
-Que hipocrisia!...
Vou fazer um quadro. as imagens respondem às perguntas?
Trecho de A Casa de Papel, de Françoise Mallet-Joris, editado pela Livraria José Olympio.
E clicando no título, ande pelo Mssif De La Sainte Baume.

04 agosto 2011

Correio da Segunda Série - Professora Jace

Ontem, depois de ficar fechada organizando suas coisas a tarde toda, ela, que na infância fazia muito isso; o que está fazendo Camille? Desenhando, respondia a baixinha. Ou então estava sorrindo com um gibi da Turma da Mônica na mão, eu chegava e ela nem percebia. O que vai ser quando crescer? Desenhista nos estúdios do Maurício de Souza. Será que consigo? Eu sorria, que se é sonho, embarco e visualizo junto. Ontem, depois de desaparecer por longo tempo, trouxe um papel e me entregou:
-Tó. Uma carta que escrevestes para mim lá quando eu era pequena. Olhei para a mão que estendia o papel dobrado e senti um frio na estômago vendo a expressão sorridente desafiadora. Medo de pegar o bilhete, passagem para a viagem que não pedi,.estendia-me o papel que guardou desde a segunda série - guarda agendas, broches, tem pendurado no quarto o quadro da formatura do pré escola no Santuário de Schoenstatt, em Santa Maria, onde aparece o retratinho oval de cada um dos colegas, de vez em quando durante as refeições conta histórias sobre eles, depois, da melhor amiga de Erechim, os amigos de Teodoro, que nas férias sempre visita. Agora anda me perguntando, se um dia ela puder me levar, eu aceito ir para Disney com ela. Normal, cheia de artimanhas, mas tem dessas, será uma pergunta pegadinha? Para Disney? Ora...nunca pensei, vou pensar...tudo bem, claro que quero-presente fui ensinada a aceitar, agradecer muito, etc, etc...mas para Disney, hoje em dia...será? MAs se for sozinha, quem vai cuidar dela? Então, disse que iria! Desdobrei o papel.
E clicando no título, a fonte.