31 outubro 2012

O APPANA É MUST!

O Instituto appana, através de sua equipe multidisciplinar dirigida pelos doutores Káritas Ribas, Angela Passadori e  Marcelo Danucalov, oferece enriquecedoras e transformadoras palestras gratuitas.
Assisti a uma sobre coaching, e compreendi que seus discursos e ensinamentos teem o respaldo na conexão direta de todo nosso movimento, interior e exterior. A chave é o saber formular as perguntas "desenvolvedoras", aquelas que dinamizam as descobertas ampliando as possibilidade de crescimento: "Que valores têm norteado a minha vida?"
Imagine um curso com mais tempo de duração?! Abaixo, mais uma oportunidade de crescimento aos estudantes e interessados na área.

"O coaching é um assoprador de brasas"
Leonardo Wolk

30 outubro 2012

Papo com Adalgisa Campos na Fundação Ema Gordon Klabin - Confirmado!

Adalgisa Campos - Formações, 2012 - vídeo em loop 4'33''

Arte Papo com Adalgisa Campos
Mestre em Artes pela UNICAMP, a artista estrutura suas obras em torno do desenho. 
Videos, performances, desenhos in situ ou sobre papel constituem conjuntos de trabalhos que investigam relações entre ação e figura, travadas
no âmbito do desenhar.
Mais informações:
http://adalgisacampos.blogspot.com.br/
Quarta feira, dia 7 de novembro às 19:30,
Entrada gratuita. 
Fundação Cultural Ema Gordon Klabin
Rua Portugal, 43 | Jardim Europa
São Paulo | SP | Brasil


25° Salão de Arte de Pinheiros está no ar e te convida

Tenho a grande honra de participar desta exposição como artista Hors Concours, apresentando o trabalho Carbono 6, uma pintura em óleo sobre tela. 
No dia 05 ocorrerá a cerimônia de abertura para expositores, autoridades e convidados. 
A exposição fica aberta ao público de 06 a 10 de novembro no Conjunto Nacional, Avenida Paulista 2073, apareça, aprecie e comente. 
Tua presença prestigia imenso este tradicional Salão que neste ano completa seu Jubileu de Prata, também aos artistas expositores e a realizadora, Associação Comercial de Pinheiros. 
Informações e mais detalhes:
Maria Luiza De Ranieri
Chefe Administrativo / Distrital Pinheiros
(11) 3032-9572 / 3031-1890
www.acsp.com.br

Os Filhos do Sol no auditório Francis Bacon


Estudo, ensaios...trabalho preparatório para apresentação da peça teatral Filhos do Sol, texto elaborado por estudantes R+C,  produção, direção, cenografia, adereços e interpretação, por Luiz Sellani, Tony Iron Maden, Dante Lioi, Jamil Ayaad, Roberto Mirra, Roberto Maik, Lenora Telles Pires, Joseph Soares, Camille Luar, Kátia, Rosemary, Cintia Pereira, Alex Pereira, Yasmin Pereira, Sofia, Gustavo, Arthur, Amira, Marcelo, Caio, e eu. 
A realização do transformador projeto teatral Os Filhos do Sol, homenagem ao Faraó Akenaton só foi possível devido ao imprescindível apoio do Mestre Pedro Gianfré. 
Fotos Zizi e Zabaleta

28 outubro 2012

Revolução Constitucionalista de 1932

Cartaz da Revolução de 32
Revolução Constitucionalista, Contrarrevolução, Revolução Paulista, Guerra Civil Brasileira ou Revolução Paulista, são as denominações dadas à insurreição desencadeada pela revolta paulista contra o governo instaurado por Getúlio Vargas.
Em 9 de julho de 1932 a revolta estourou, já fazia um ano e nove meses que Getúlio Vargas derrubara o presidente Washigton Luís, suprimindo a Constituição elaborada em 1891, e administrava nomeando tenentes ou quem lhe parecesse  melhor designar para interventores nos estados. 
Para São Paulo, pachorrento, Getúlio largou de paraquedas o pernambucano João Alberto Lins de Barros. Dizem por aqui, até hoje, a antipatia em pessoa, que de um passo esquerdo entrou no Palácio dos Campos Elíseos, declarando que sim, era bonito, mas melhor ficaria quando o reformasse para quartel. 
Amizade ou carinho por por São Paulo? Nem em sonho. 
Os estados andavam alvoroçados, alguns cobertos com panos quentes haviam recebido um cala-boca: conservavam designados entre seus líderes como interventores. Em São Paulo ainda bailavam sobre as cabeças os mal-estares, resquícios da refrega de 1924.
Mas João Alberto, vai ver, um tímido que se portava agressivo diante de má recepção, sabe-se lá a que escaramuças é capaz de recorrer um tímido acossado e inseguro? 
João Alberto era praticamente um elefante pisoteando o brio dos paulistas que apoiaram a aliança de Getúlio e esperavam mais consideração pelo estado, mas que nada!
Passa uns dias e eis que não era tímido nada, o João Alberto! Comunista, apreciador de greves sindicais, desde que fossem organizadinhas, liberava mas - espere ai - reprimia se alguém cantasse desafinado. O protegido dor-de-cabeça do Getúlio, vai ver era anarquista?! O embaixador da Itália o declarou facista de marca maior.
Tanto fazia que deixava Getúlio deprimido com sua falta de linha, sai então João Alberto, Getúlio nomeia para seu lugar o desembargador Laudo Camargo, e agora, meus sais? 
Agora os colegas militares não lhe vão com a cara, sai Laudo Camargo, vem Manuel Rabelo, que consegue permanecer 4 meses no cargo.
Não faltavam razões para ansiedade entre tantas mudanças e instabilidade, e em 25 de janeiro de 1932 o povo reuniu-se se para um comício na Praça da Sé, chovia, mas ninguém era de açúcar, e a multidão marchou, já cega, em moto contínuo, para a rua Boa Vista, onde Julio de Mesquita Filho, diretor do jornal O Estado de São Paulo falou-lhes da sacada: um dos líderes do movimento insurgente. 
No dia 17 de fevereiro, o Partido Democrático e o Republicano se unem. 
Estava forma a Frente Única Paulista. 
Getúlio tenta contemporizar nomeando para interventor o paulistano Pedro Manuel de Toledo, que já havia sido embaixador do Brasil na Itália e Argentina. 
Mas com as condicionantes não era mais possível respirar aliviado nesta altura do descontentamento, a insegurança era atroz, a inconstitucionalidade evidente e o movimento já englobava civis e militares.
No dia 23 de maio manifestantes invadiram a sede da Legião Revolucionária, entidade representeante do regime getulista e foram repelidos a tiros, quatro manifestantes morrem e o estopim está aceso, logo a seguir um grupo de estudantes invade o estúdio da Rádio Record e lê um manifesto. 
Como todos já estavam engajados, a Rádio libera seus microfones mais que de bom grado e passa a ser o canal do movimento que reunia civis e militares, para este que foi último grande conflito armado ocorrido no Brasil. 
A mais importante atividade civil, foi a articulação dos líderes da Frente Única Paulista - Francisco Morato, Altino Arantes (o avô da dinâmica  Marchand Dulcita Arantes Leão de Lima Costa) e Valdemar Ferreira. 
Entre os militares, a maioria já estava tapada de nojo pelos tenentes de Getúlio, que não consideravam representativos do ideal militar, e aderiram naturalmente ao movimento, destacando-se o general Bertoldo Klinger, o chefe do estado Maior do Rio de Janeiro, Tasso Fragoso, e o coronel Euclides Figueiredo (pai do menino João Batista, que viria a ser presidente do Brasil durante o pacífico período denominado Abertura). 
As batalhas ocorridas em diversas frentes deixaram aproximadamente 800 mortos, entre bombardeios e ataques improvisados, mas sem dúvida com respaldo moral maciço de todo vivente de São Paulo, reforçado por manifestos a favor em Belém Salvador, Porto Alegre e Rio de Janeiro. 
Antes da Revolução, Getúlio Vargas já havia prometido promover eleições em 1933, passada a revolução, livre dos tenentes indisciplinados, realmente o fez.
Medalha Pedro de Toledo, foi criada por Laudo Natel e Henri Aidar e é concedida pela Sociedade Veteranos de 32. 

25 outubro 2012

Tiago França -Sambanzo e Curso na Fundação Ema Klabin

Foto feita por José de Holanda
Depois de se consagrar em 2011 com projetos ao lado de Romulo Fróes em "Um Labirinto Em Cada Pé", se unir a Gui Amabis em suas "Memórias Luso/Africanas", e compactuar uma parceria de peso com Kiko Dinucci e Juçara Marçal em "Metá Metá", o mineiro Thiago França se lança, no sentido figurado e musical, nas profundezas de SAMBANZO, em seu segundo disco, "Etiópia", de 2012. A princípio, parece tão autossuficiente, quanto a propriedade com que toca seu sax tenor. Mas Thiago refuta: "Tenho certeza que o resultado final depende só 20% de mim, os outros 80% são graças aos outros que completam o projeto: Kiko Dinucci (guitarra), Cabral (baixo), Pimpa (bateria), Samba (percussão) e Rodrigo Campos na produção". O projeto autoral, que mistura o senso de coletividade nas notas, também mistura muitas outras coisas: o jazz, o samba, o afrobeat e até o rock. Mas Thiago contrapõe mais uma vez "Acho que definir é quase tão impossível quanto desnecessário. Hoje em dia, com a quantidade de informação que circula na Internet, você acaba ouvindo um pouco de um monte de coisa". Com tantas influências, o saxofonista incorpora o candomblé, a gafieira e um pouco da África, assinando assim o seu nome e identidade.
Thiago França apresenta Sambanzo 
Sábado, dia 27 de Outubro às 16h30 com entrada gratuita. A visitação ao acervo do museu é realizada entre 15h00 e 16h30

Saiba mais e faça o Download gratuito do disco:
http://sambanzo.blogspot.com.br/

Assista "Tilanguero", ao vivo:
http://www.youtube.com/watch?v=ItfTSszMMyc
Cartaz: Cristiana Tabak
Programação Especial para
a 30ª Bienal de São Paulo
CURSO: História da Bienal das Artes de São Paulo
Vista do Pavilhão da 1a Bienal na Esplanada do Trianon, Avenida Paulista, 1951.Acervo da Bienal de SP.
Ministrado pelo professor Francisco Alambert, do departamento de História da Universidade de São Paulo, o curso será composto por quatro aulas abordando a história da Bienal de São Paulo desde a sua criação até as edições mais recentes do evento.
Aulas: terças-feiras, 30 de outubro e 6, 13, e 27 de novembro, das 19:30 às 21:30. Inscrições e informações pelo e-mail:  cursos@emaklabin.org.br ou pelo tel. (11) 3062 5245.
Investimento: R$ 320,00  -  20% de desconto para estudantes e educadores.

Rua Portugal, 43 | Jardim Europa
São Paulo | SP | Brasil
www.emaklabin.org.br

23 outubro 2012

Responsabilidade


Houve numa cozinha, uma mãe envelhecida, que proibida de expressar-se livremente, contava história para as crianças.
A moça velha reunia provas incontestáveis contra ricos e seus costumes, revoltas contra maridos e suas escolhas, contra mulheres que sorriam e sua sordidez, e todos dali partiam armados e prevenidos para a guerra travada uns contra os outros. 
Havia medo dos que faziam reuniões particulares, e pelos símbolos que não se interessavam em desvendar. Houveram muitos indivíduos que sentiam tanto medo da liberdade, que sua excitação e prazer advinha mais que tudo em inculcar terror nos que andavam desavisados do horror que era o mundo. 
Estes, formaram grupos contra os grupos que usavam símbolos, e todos estruturavam suas vidas sobre o medo uns dos outros. Dizem, inclusive, que entre o povo criado pela matriarca amargurada, declarar sentir medo tornou-se atenuante legal para qualquer coisa.

Vídeo acima: Alpha, sobre composição de Vangelis

19 outubro 2012

Exposição dos dados



Ramón Valdez, o eterno Seu Madruga, do seriado Chaves, atuando no filme“Simbad, el Mareado” (1950).
Ipanema na década de 60.
Primeiro show da Mamonas Assassinas.
Poster da Pepsi com Os Trapalhões, década de 80.
Walt Disney, em Copacabana.
Chico Anysio jogando futebol de botão com Chico Burque, com Vinicius de Moraes assistindo.


Dom Pedro II em viagem ao Egito.
Construção da Ponte Rio-Niterói.


                 Corcovado ainda sem o Cristo.
                     Elvis Presley no exército.
Em 1966, Roberto Carlos sendo coroado “Rei” por sua mãe, Lady Laura, no programa do Chacrinha.
Muhammad Ali em momento de descontração com os Jacksons.
Carteirinha de Raul Seixas do fã clube de Elvis Presley.
Bob Marley pouco tempo antes de sua morte.

Bob Marley na sacado do Copacabana Palace, em março de 1980.
Outra foto tirada meses antes da morte de Bob Marley.
Silvio Santos, em 1989, durante sua campanha eleitoral para a Presidência da República. 
Alguns meses mais tarde, a candidatura de Silvio Santos foi cassada pelo TSE por 
irregularidades 
no registro do partido.

...Assim caminha a coleção de fotos que recebi do amigo Dé Doellinger, todas estas Mona Lisas nos chegaram sem os nomes dos fotógrafos, façamos como aquela artista americana que fotografa obras e expõe como suas - por sua intervenção - nas mais renomadas galerias, esqueci o nome da Donna, mas parabenizo, graças a ela o ambiente não é mais tão tenso. 
Sente-se um momento, vamos tomar um chá e conversar sobre estes memoráveis clic-momentos da nossa humanidade! 

17 outubro 2012

É triste. Ficará escrito na areia?


"Ao inocentar o ex-ministro José Dirceu da acusação de corrupção, o ministro revisor da Ação Penal 470, Ricardo Lewandowski, escreveu uma das páginas mais deprimentes da História do Supremo Tribunal Federal.
Sua alegação foi que não há provas da participação de Dirceu na distribuição de dinheiro a políticos da base aliada ao governo entre 2003 e 2004, esquema conhecido como mensalão.
“Não afasto a possibilidade de que José Dirceu tenha de fato participado desses eventos, não descarto que foi até mentor da trama criminosa, mas o fato é que isso não encontra ressonância na prova dos autos”, disse Lewandowski, que criticou o trabalho do Ministério Público Federal, classificando as imputações como “políticas muito mais que jurídicas”.
Com esse posicionamento, Lewandowski cumpriu o que prometera ao ex-presidente Lula, quase dois meses antes do julgamento, quando emitiu até uma nota oficial anunciando que seu trabalho como revisor seria se contrapor à posição do ministro relator, Joaquim Barbosa.
Com essa definição, Lewandowski inovou em matéria de direito, pois a missão do revisor não é nem pode ser a de se contrapor ao relator. Se fosse um estudante a fazer tal afirmação, ainda poderia ser desculpado.
Afinal, ainda não se aprofundou na matéria, faltou à aula ou está em recuperação… Mas um ministro do Supremo Tribunal Federal não pode dar uma declaração dessas, que na verdade foi um ato falho bem freudiano. No caso, Lewandowski estava apenas revelando que sua “missão” era a de contestar o voto do relator, que todos já sabiam ser pela condenação dos réus do mensalão.

MISSÃO DO REVISOR
Senão, vejamos: na nota enviada à imprensa, Lewandowski afirmou que “sua missão não se resumia à revisão”, que “tinha que fazer um voto paralelo ao do ministro Joaquim Barbosa, que fosse um contraponto ao voto dele”.
Isso não é função do revisor. O que ele teria que ter feito era seguir o que está no art. 25 do Regimento Interno do STF, que determina que as funções do revisor são as seguintes:
I – sugerir ao relator medidas ordinatórias do processo que tenham sido omitidas;
II – confirmar, completar ou retificar o relatório;
III – pedir dia para julgamento dos feitos nos quais estiver habilitado
a proferir voto.
Ele jamais poderia atuar, como revisor, fora do que estabelecem esses incisos. Portanto, soaram estranhas e reveladoras essas palavras anunciando que ele estava obrigado a se contrapor ao voto do relator, ministro Joaquim Barbosa, pois “contrapor” significa “atuar em oposição, em sentido contrário” ao relatório.
Como Lewandowski cumpriu o prometido e realmente fez isso no voto decisivo,  friamente atuou fora das competências determinadas para o revisor, pelo Regimento Interno do STF.

UM PÁRIA NO PLENÁRIO
Na surpreendente sessão de quinta-feira, os ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello questionaram as contradições no voto de Lewandowski, sobre a compra de apoio político nos primeiros anos do governo Lula (2003-2010).
A discussão foi provocada após o revisor afirmar que a tese de compra de votos é contraditória e que “há provas para todos os gostos” no processo.
Acontece que, com o voto de 7 dos 10 ministros, o Supremo já havia firmado na segunda-feira o entendimento de que o mensalão foi um esquema
de desvio de dinheiro público para a compra de votos parlamentares e apoio político ao governo Lula.
Ao se posicionar assim, sem dúvida, Lewandowski afrontou os demais ministros e desonrou o Supremo. A partir de agora, não é mais um deles.
Desdenhando o voto da ampla maioria de seus pares, tornou-se um pária no plenário, um renegado jurídico, um magistrado sem dignidade. Só lhe resta a aposentadoria, que já pode pedir, por tempo de serviço, pois vai completar 64 anos e seu futuro nada mais significa."


Por Carlos Newton - Tribuna da Imprensa - 5.10.2012

A Reserva

"Do lado de fora de qualquer janela de Paris vê-se hoje a Paris do século XXI, com suas vestimentas modernas, seus políticos eleitos de forma democrática, e dentre todas as coisas, enxerga-se principalmente,a crise econômica de todo um continente que viveu nos últimos 70 anos o ápice do capitalismo. Mas, surpreendentemente, por detrás de uma das cortinas de um modesto apartamento na cidade da Luz encontra-se uma cápsula do tempo: Um imóvel que foi abandonado um pouco antes de eclodir a segunda guerra mundial e até a poucos dias nunca fora aberto.
O imóvel pertencia a Sra. Marthe de Florian, uma bela atriz e socialite francesa da Belle Époque, que se mudou para o sul da França em meados de 1944, alegando fugir da guerra e nunca mais retornou a capital. Após seu recente falecimento aos 91 anos de idade, seus herdeiros iniciaram a busca por um inventário para que seus bens pudessem ser divididos e então, o apartamento fosse reaberto.
Após 70 anos dessa cápsula do tempo fechada, a primeira equipe finalmente adentrou esse espaço surpreendente e comparou a sensação da primeira vista a entrada no castelo da Bela Adormecida onde o tempo havia parado, desde 1900.

 A quantidade de poeira e teias de aranhas eram incontáveis. E o silêncio esmagador. E quando vejo as fotos, parece-me que a estaticidade das coisas encenam a história de uma década que jamais poderá ser palpada novamente de maneira tão autêntica como essa experiência pôde proporcionar.
Os primeiros itens notados por Olivier Choppin-Janvry, o homem que fez a descoberta, foi um avestruz empalhado, uma penteadeira e um Mickey mouse que datam antes da guerra.
Todos os três itens são realmente provocantes e guardam em si um toque
atemporal. A penteadeira guarda histórias de amor e vaidade vividos por sua dona que atravessaram todos esses anos, assim como o avestruz empalhado
querendo enganar a morte resistiu a passagem do tempo. Mas o único que realmente mantém-se vivo em essência até hoje é o eterno contemporâneo Mickey mouse.
Quando a equipe achou ter visto de tudo no meio desse baú de tesouros, percebeu que nesse incrível imóvel havia algo mais. Atrás da porta principal havia um quadro de uma bela mulher vestida de rosa. E junto do quadro havia cartas de amor amarradas com fita colorida. Um dos membros da equipe de  inventário suspeitou que essa peça fosse um membro muito importante do tesouro.
Após a análise com minúcia do quadro, chegou-se a conclusão de que era um quadro de Giovanni Boldini, um dos pintores impressionistas mais importantes de Paris da Belle Époque.
E que a mulher retratada era a própria Sra. De Florian, dona do imóvel, aos seus 24 anos de idade. Em suas cartas havia declarações de amor para Boldine, que era casado, mas mesmo assim a tinha como amante e musa. Após essa descoberta o quadro foi a leilão e arrematou o valor de US $ 3 milhões, um recorde mundial para o artista.
 Esse imóvel guarda muitos segredos, como o coração de Sra. De Florian.
Viveu ali uma linda mulher que se envolveu com um magnífico pintor que deixou como fruto para a sociedade um belíssimo quadro. Só não sabemos o porquê da senhora De Florian ter abandonado o imóvel por tantos anos, mas ter feito questão de pagar o aluguel do mesmo regularmente.
Há muitas especulações sobre sua partida. Pode ter sido para fugir dos nazistas ou para manter o amor impossível que sentia por Boldini, vivo e intocado para todo o sempre."


Dobloghttp://lounge.obviousmag.org/entre_ocio_e_sonhos, de Rafaela Werdan (parabéns!) recebi da amiga Anabela de Araújo, a quem agradeço a pepita.

15 outubro 2012

Parabéns todos os dias!

Hoje eu poderia falar sobre tua vivência como ou com os professores, mas isso estou vendo que tu mesmo podes fazer. 
Poderia concluir o óbvio, que é a importância da atividade para a formação das mentes e consequentemente o desenvolvimento de nossa capacidade de interagir na sociedade, mas resolvi falar sobre a minha experiência, sobre o que vi dos professores dos meus filhos através de seus comentários e desenvolvimento no aprendizado formal.  Por eles, agradecer à especialmente marcante atuação da Eredi Brudna para com o Maicon, da Ana Isabel para com a Camille, do Jorge Avelino para com o Marcelo,  e da Astréia para com o Joseph.
Mas eu também fui professora, e volta e meia sou aluna, sou professora também, dizem minhas alunas de pintura em tela, e rimos. Digo que sou apenas companheira, já que somente faço com que se lembrem do que já sabiam e estava adormecido, sou então uma "despertadora". 
Quando eu for presidente não vai dar para ser professor relaxado ou truculento, que vou dedicar todo apoio à eles, mas ofertando um amor exigente, que cabeça de criança não é penico; e matemática tem que ser ensinada como se deve, como se tu quisesses mesmo que o vivente aprendesse! 
Não tem importância se tu fores presidente e eu não, e tu implementares meu projeto. Idéias inovadoras e informações iluminadoras têm de ser praticadas. Conversa vai e tanto carinho retorna, mas eu tenho afazeres. 
Parabéns aos professores! 
Segue abaixo alguma coisa sobre espíritos de alto gabarito que levo sempre no meu coração fusca.
Não deixando de mencionar a Wally Kruger, minha querida primeira mestre, a Lorena Beal de português, e a Madalena Ceratti de Ciências. C'est la vie, o primeiro conto é sobre Kati: 
"Um professor pode ser cavalheiro, uma atriz pode ser uma dama, porque não?
Um professor pode ser uma diva, uma atriz pode ser um diva também. 
Ser diva, é ser uma pessoa querida, atenciosa,que brilha e marca por onde passa, é uma pessoa que todos gostam, diz o dicionário. 
O Kati iluminava e apaziguava durante suas aulas, e não havia resiliente que permanecesse intratável quando ele perguntava com interesse verdadeiro: -O que está havendo, você precisa de ajuda, se não, pode nos ajudar aqui com este assunto? 
Tive aulas com ele por três anos. José Carlos Corrêa, o Kati, lecionava Geografia, História, EMOCI e Religião, então com ele falávamos de tudo, ele falava baixo e suavemente com voz de arroio, e eu me encantava mais pelo efeito que ele fazia na turma,  geralmente indisciplinada quando outros professores estavam com a batuta. 
Era o regente, acredito que da maioria das turmas. 
Um cavalheiro...durante uma de suas aulas discutíamos os grupos étnicos que colonizaram o centro do estado do Rio Grande do Sul, e quando cada um falou sobre sua origem ancestral, a brincadeira surgiu; Kati era o único negro da cidade, será? 
Contei que minha melhor amiga da primeira série, uma que tinha trancinhas duras e modeláveis, que eu tentava imitar exaustivamente sem sucesso, era negra - a Fátima - Kati sorriu daquele jeitinho amável e disse: -Fátima é minha minha filha, e então tu estudastes a primeira série no Ademar Porto Alegre? 
Kati, meu melhor professor, Fátima minha melhor amiga, empatia, traço familiar - coisas séria! 
Hoje estou pintando um Jesus sorrindo, para minha  médica holística. 
Enquanto pintava, a tevê gritava noticiário. Nos intervalos a voz de uma atriz conhecida dizia: 
-Eu sou uma atriz, é minha profissão, não sou uma dama, ou uma diva, sou só uma atriz. 
E em cada intervalo esta mensagem martelava. 
Do que ela tem medo, o que ela não quer ser, que imagem lhe causa repulsa? 
Juntei mentalmente ao clip de uma música  que recebi para apreciar, nele uma atriz representa uma adolescente cambaleante com uma garrafa de vodka na mão e um cigarro entre os dedos bebia no gargalo por haver sido rejeitada pelo rapaz que gostava. Não sei...
Este texto já publicado no Flor Amarela em maio de 2011)
"Conheci minha mestre, Inge Jost Mafra, em um curso aberto da UNIJUÍ. Logo após o término do mesmo passei a frequentar a casa dela e do marido, o advogado Ben-Hur Lens Mafra, naquele lar universal vogava a instrução global, saborosa e divertida...
Modelagem: Ben-Hur modelo. 
Pintura e desenho: tantas vezes Ben-Hur como modelo e crítico. 
Cinema: Ben-Hur professor 
Literatura: Ben-Hur indicando e emprestando livros de sua biblioteca; fazia-nos assinar fichas de empréstimo; tinha uma grande biblioteca e um curioso catre onde lia, parecia incômodo, quando  perguntei porque não lia num lugar aconchegante, respondeu que um filósofo não se desenvolve no conforto. 
Era tarde, pois a casa era uma delícia, o projeto da vida deles recém concretizado. 
Ali havia também e evidentemente, atenção à  gastronomia, especialmente às sopas que Inge preparava declarando os passos. 
No inverno ela e Ben-Hur estavam mais inspirados a reunir, e assistindo documentários raros ao sabor de vinhos bons aprendíamos macetes para valorizar as sopas e caldos, fácil com os ingredientes que eles produziam na granja... 
Inge vivia perfumada de cebola e alho frescos. Criei um dos meus filhos, o Marcelo, que ela amava e acreditava que fosse se tornar um artista (e de fato, hoje, aos 24 anos, ele trabalha na produção de cenografia para peças teatrais e produz febrilmente adereços para a tribo dos cosplayers), e tive minha única filha naquela época. 
Inge foi a primeira visita que Camille recebeu em casa. 
Através da irmã  de Inge, a conceituada terapeuta Renate Jost de Moraes, durante sua apresentação e temporada de atendimento no Colégio Sagrado Coração de Jesus, fui iniciada na regressão orientada a vidas passadas (http://www.fundasinum.org.br/curric_renate.htm).
Na semana passada recebi uma linda coleção de fotos, são releituras de obras dos grandes mestres da pintura feitas com legumes, os originais pertencem ao Museu dos Legumes de Israel. 
Ao ver a releitura de A Jangada de Medusa, logo  lembrei de Ben-Hur, que declarava sua admiração eterna pela obra. Ele dizia ser a melhor pintura de todas que conhecia, e Ben-Hur conhecia muito de tudo. 
A cada citação fazia questão de mencionar a história da obra de Theodore Gericault e o contexto de sua apresentação no Salon de Paris, ano de 1919 (veja a história ativando o seguinte link, que se Ben-Hur ler este escrito, lá onde está, e ver que não honrei suas aulas, ao menos indicando... então, ative o link! http://www1.ci.uc.pt/iej/alunos/1999-2000/medusa/quadro.htm ). 
Quando frequentei a casa, atelier, escritório de advocacia, durante as férias, dois dos filhos deles circulavam por lá. Estudavam arquitetura em Porto Alegre e São Leopoldo, André e Leandro. 
Por influência de Leandro estudamos o projeto arrojado que Paulo Mendes da Rocha criara para o MuBE de São Paulo, pois estávamos de viagem marcada rumo a Bienal com o grupo de Artes da universidade, que Inge coordenava, e estudávamos detalhadamente os pontos que integrariam a agenda de visitas. 
Conhecemos um MuBE sem exposição, sendo ele mesmo o foco. 
A construção estava sendo finalizada e Inge solicitara a autorização prévia. Pisamos no concreto virgem de público - eu inaugurei o MuBE!? 
O filho mais velho de Inge estava no exterior, o engenheiro envolvido com projetos de sustentabilidade e orgânicos, quando no Brasil ninguém sabia o que isso significava. 
A única filha de Inge, Clara Cristina, morava em São Paulo. 
Recentemente encontrei via net o filho mais velho, o famoso Nono. Nono é a cara da mãe, sorri como a mãe - a pessoa mais doce e sensível que conheci, a culta coordenadora do Curso de Artes da UNIJUÍ, que se gabava de ter sido a primeira moça da cidade a usar lentes de contato azuis, que encomendou do exterior especialmente para o dia de seu casamento  com Ben-Hur, certamente o homem mais amado e cultivado por sua esposa que já conheci.
Depois que me mudei de cidade e estado, trocávamos cartas.
Nos vimos pela última vez há nove anos na casa dela(na foto), um mês depois de Ben-Hur ter falecido... 
Depois que eu já estava morando em São Paulo chegou em um dia de inverno, ou não, mas de muito frio, uma carta de Inge: fôra diagnosticada com câncer de pâncreas - lutava e estava positiva.
Hoje foi dia de sopa, sempre remete... Jangada de Medusa também."
Mestre adorável, Rubens Ewald Filho, enciclopédicos conhecimentos universais, especialidade: Cinema! Na foto, encerramento do curso de Roteiro para Cinema na Casa do Saber. 
Rubens é atencioso com todos, seguro na condução didática, e por ser seguro se dá ao luxo de ser carinhoso, receptivo, então é elegante. Um ser aberto à vida, embora aparentemente tímido.

Com a querida aluna Sara Emanuela Dallabrida, 
é a vida. E é bonita!

14 outubro 2012

Momento Determinante - Questionamentos Respeitáveis

Sobre o catecismo pregado, aberta ou subliminarmente em algumas salas de aula, quero lembrar aos senhores professores integrantes do partido que dita as ordens no Brasil, que além de solicitar rotineiramente aos estudantes pesquisas sobre a morte de Stuart Angel Jones, durante a ditadura militar, também solicitem sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. 
Professores são formadores de opinião, trabalham com as dificuldades que nossa nação lhes impõem, lutando para se fazerem respeitar, quando este respeito não é ensinado mais no seio familiar.  Merecem todo o apoio e admiração quando tratam respeitosamente o aluno, que, também, muitas vezes, com sacrifício é mantido na escola; caso contrário, quando perdem os critérios e o poder de auto-avaliação, tonam-se similares aos indivíduos militares que torturaram durante o período militar, aos indivíduos que assassinaram e abafaram o caso do prefeito de Santo André.
Nosso país continente pode estar maduro para pensar por si e avaliar questões multi facetadas se os mestres incentivarem mentes inquisitivas ao invés de alguns, fascinados pelo partidão, as prenderem em seus repressores nós de redes ideológicas.
O que ex-petistas e petistas desiludidos dizem hoje a respeito do partido e de Lula
Wilton Junior/AE
Descrição: http://veja.abril.com.br/170805/imagens/brasil26.jpg
"O PT tem todo o direito de continuar existindo juridicamente, mas o partido que eu ajudei a construir já morreu. E só participo de debates sobre ressurreição e reencarnação no âmbito                                  religioso."
Senadora Heloísa Helena (ex-petista, hoje no PSOL-AL)
Anderson Schneider/VersorDescrição: http://veja.abril.com.br/170805/imagens/brasil27.jpg
"Diante das denúncias, os petistas optaram por uma saída jurídica, em detrimento de uma explicação política. Isso só é possível para quem já decidiu abandonar a vida pública. Esse comportamento reduziu as chances de sobrevivência do PT."Deputado federal Fernando Gabeira (ex-PT, hoje no PV-RJ)
Joedson Alves/AE
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"O partido confundiu-se com o governo, tornou-se aparelho do Estado e acreditou que os fins justificavam os meios. Agora, só há salvação se                                  os responsáveis por tudo isso forem punidos."Deputado federal José Eduardo Cardozo (PT-SP)
Orlando Brito/OBRITONEWS
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"O PT foi atingido de forma irremediável. Do ponto de vista do patrimônio da lisura e da ética, acabou jogado na vala comum. E essa situação é irrecuperável."Deputado federal Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ)
José Paulo Lacerda/AE
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"O PT levará, no mínimo, dez anos para se recuperar. Nos anos 90, elegeu a ética como razão de existir, mas a ética deve ser intrínseca ao partido, e não uma causa."Senador Cristovam Buarque (PT-DF)
Vidal Cavalcante/AE
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"O PT errou: afastou a militância, pôs burocratas no governo e se entregou às vontades de Lula. E que vontades eram essas? Apenas a do poder pelo poder. Agora acabou. O castelo de areia ruiu."
Economista e ex-militante petista Paulo de Tarso Venceslau,expulso do PT em 1997
Clayton de Souza/AE
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"O PT cometeu o pecado original. Comemos a maçã proibida, o fruto da ambição. Foram muitas mentiras. E o pior é que o PT só está querendo achar culpados individuais. Não quer assumir o grande equívoco que cometeu com a nação."
Deputado federal Paulo Delgado (PT-MG)
Felipe Varanda/Folha Imagem
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"Lula sempre compartilhou da intimidade do grupo e foi o principal beneficiário de suas ações. Garante, porém, que nada sabia. Respeito quem acredita nisso, assim como respeito quem acredita em duendes."
Ex-dirigente petista César Benjamin, em artigo para aFolha de S.Paulo

"Lula esconde a sujeira"
Felipe Araujo/AE
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UMA CERTEZA
Hélio Bicudo, petista há 25 anos: "É impossível que Lula não soubesse como os fundos estavam sendo angariados e gastos"

O jurista Hélio Bicudo, de 83 anos, tem uma longa militância em favor dos direitos humanos, na qual se destaca o combate à ação do Esquadrão da Morte paulista, no fim dos anos 60. Relutou muito antes de decidir manifestar sua opinião sobre o governo Lula e o PT, ao qual é filiado há 25 anos. Decidiu falar incentivado pela família e por alguns amigos, inclusive da base petista. "Não posso admitir que dentro da história que venho construindo, muitas vezes penosamente, eu possa ser considerado partícipe do que está acontecendo", disse Bicudo à editora de VEJA                                  Lucila Soares, a quem concedeu a seguinte entrevista. 
O SENHOR ACREDITA QUE O PRESIDENTE LULA SABIA DOS FATOS QUE ESTÃO VINDO A PÚBLICO?
Lula é um homem centralizador. Sempre foi presidente de fato do partido. É impossível que ele não soubesse como os fundos estavam sendo angariados e gastos e quem era o responsável. Não é porque o sujeito é candidato a presidente que não precisa saber de dinheiro. Pelo contrário. É aí que começa a corrupção.
POR QUE O PRESIDENTE NÃO TOMOU NENHUMA ATITUDE PARA IMPEDIR QUE A SITUAÇÃO CHEGASSE AONDE CHEGOU?
Ele é mestre em esconder a sujeira embaixo do tapete. Sempre agiu dessa forma. Seu pronunciamento de sexta-feira confirma. Lula manteve a postura de que não faz parte disso e não abre espaço para uma discussão pública. 
HÁ OUTROS EXEMPLOS DESSA CARACTERÍSTICA?
Há um muito claro. Em 1997, presidi uma comissão de sindicância do PT para apurar denúncias contra o empresário Roberto Teixeira, que estava usando o nome de Lula para obter contratos de prefeituras em São Paulo. A responsabilidade dele ficou claríssima. Foi pedida a instalação de uma comissão de ética, e isso foi deixado de lado                                  por determinação de Lula, porque o Roberto                                  Teixeira é compadre dele. O único punido foi o Paulo de Tarso Venceslau, autor da denúncia. Ainda que não existisse necessariamente um crime, havia um problema sério, ético, político, que tinha de ter sido discutido e não foi. Essas coisas todas vão se acumulando e, no final, acontece o que se vê hoje. 
ESSES MESMOS SINAIS ESTÃO PRESENTES NO ASSASSINATO DO PREFEITO DE SANTO ANDRÉ, CELSO DANIEL?
A história de Santo André ainda não está clara. Houve uma intervenção do próprio partido para caracterizar o crime como crime comum, do que eu discordo. Houve a eliminação do Celso, ou porque ele não concordava com a corrupção ou porque ele quis interromper o processo num determinado ponto.
O SENHOR FOI VICE-PREFEITO DE MARTA SUPLICY. COMO FOI PARTICIPAR DE UM GOVERNO PETISTA?
O que me realizou na prefeitura foi constituir a Comissão de Direitos Humanos do município. Fora isso, tudo passou ao largo do meu gabinete, por opção de Marta. E, em dezembro de 2004, já no fim do governo, quando assumi interinamente a prefeitura e houve uma chuva muito forte, com graves prejuízos à população, pude verificar que os serviços públicos estavam totalmente omissos. Convoquei uma reunião do secretariado e apareceram dois ou três. Para mim foi uma experiência extremamente negativa.  
EM QUE MOMENTO O SENHOR COMEÇOU A PERCEBER QUE O PARTIDO ESTAVA NO CAMINHO ERRADO?
Quando a direção passou a tomar a frente das campanhas políticas. No início a militância era a grande força eleitoral. Isso foi mudando na medida em que o partido começou a abandonar os princípios éticos. A partir da campanha eleitoral de 1998, instalou-se definitivamente a política de atingir o poder a qualquer preço.
O PRESIDENTE LULA TAMBÉM QUERIA CHEGAR AO PODER A QUALQUER PREÇO?
Sim. Mas ele quer a representatividade, sem o ônus do poder. Ele dividiu o governo como se estivéssemos num sistema parlamentarista. É o chefe do Estado, mas não do governo. Nisso há, aliás, uma clara violação da Constituição, que é presidencialista. A conseqüência foi o aparelhamento do Estado, um governo sem projeto e essa tática de alcançar resultados pela corrupção do Congresso Nacional.
O EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU ERA O PRINCIPAL NOME DESSE GRUPO A QUEM LULA DELEGOU O PODER. QUAL SUA AVALIAÇÃO SOBRE ELE?
Dirceu é um trator. Ele é um homem que luta, sem restrição a meios, pelo poder. Está impregnado desse objetivo. Ele é o melhor representante de um grupo que aspirava ao poder pelo poder, não para fazer as reformas que sempre defendemos. O PT chegou ao governo sem projeto. Se Lula quisesse transformar o sonho petista em realidade, poderia ter se cercado de gente que o ajudaria nisso. Pessoas como Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Fábio Konder Comparato, Maria Victoria Benevides, Paulo Nogueira Batista Junior trabalharam no programa e foram depois pura e simplesmente deixadas de lado. Foi uma escolha. Que continua. Em vez de buscar as pessoas autênticas, que comungam do ideal que acho que ainda é dele também, Lula se reúne com o Chávez (Hugo Chávez, presidente da Venezuela). Para quê?
O SENHOR TAMBÉM SE CONSIDERA DEIXADO DE LADO?
Eu entrei no PT porque achei que devia entrar, ajudei o Lula em vários momentos porque achei que devia ajudar e nunca pedi nada em troca. Ele é que, espontaneamente, me disse que eu assumiria uma posição. Um dia, o ministro Celso Amorim mandou seu chefe-de-gabinete me oferecer um lugar de conselheiro da Unesco. Eu pedi que me explicasse o que representava exatamente essa posição. A resposta foi: "É formidável. Três viagens por ano a Paris". Ou seja, estavam me oferecendo uma mordomia. Eu não aceitei.
EM ALGUM OUTRO MOMENTO O SENHOR FOI CHAMADO A COLABORAR COM O GOVERNO?
Sim. O então presidente do PT, José Genoíno, me pediu ajuda para convencer meus amigos deputados federais do PT a retirar seu apoio à formação da CPI dos Correios.
EXISTEM ELEMENTOS PARA QUE SE PEÇA O IMPEACHMENT DO PRESIDENTE?
Os fatos podem vir a caracterizar crime de responsabilidade e, portanto, motivar um pedido de impeachment. Mas eu gostaria de lembrar que as primeiras pessoas que pediram o impeachment de Fernando Collor foram o Lula e eu. O pedido foi engavetado. Só quando houve pressão popular é que se concretizou um processo. Se você não tem apoio popular, isso cai numa discussão de juristas que não leva a nada, a não ser ao prejuízo da democracia.
COMO O SENHOR VÊ O FUTURO DO PT?
Depende muito de como esse processo vai prosseguir. Se continuarmos com uma direção chapa-branca, não vamos chegar a lugar algum – a não ser no "desfazimento" de um partido que poderia ter chegado ao poder para realizar as reformas necessárias, mas só conseguiu promover um grande isolamento do Lula.

O enigma do empréstimo a Lula
Raphael Neddermeyer/AE
Paulo Okamotto: o ex-tesoureiro diz que pagou o empréstimo de Lula com dinheiro do próprio bolso. Pois é

Da enorme lista de histórias mal explicadas que povoam as CPIs, uma delas é especialmente intrigante: quem pagou uma dívida de 29 436 reais de Lula para com o PT? A dívida teria sido contraída em 2002, quando Lula ainda era candidato. Teria pago gastos com viagens e passagens aéreas da hoje primeira-dama, Marisa Letícia. Há três semanas, durante o depoimento de Delúbio Soares à CPI dos Correios, o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) perguntou ao ex-tesoureiro petista se o pagador do débito teria sido o empresário Marcos Valério. Delúbio se limitou a dizer: "Não vou me pronunciar sobre esse assunto". O débito foi quitado em quatro parcelas, em uma conta do PT, entre 2003 e 2004 – ou seja, quando Lula já era presidente e Marcos Valério o operador das finanças do partido.
 À pergunta sobre a identidade do pagador, o PT respondeu com um prolongado silêncio. Na semana passada, no entanto, depois que uma planilha encaminhada pelo Banco do Brasil à CPI dos Correios apontou Lula como depositário da dívida, apareceu uma outra explicação. Paulo Okamotto, ex-tesoureiro da campanha de Lula em 1989 e atual diretor-presidente do Sebrae, afirmou ter sido ele o pagador do débito. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo. Embora contradiga a planilha do banco, a versão de Okamotto foi endossada pelo PT. Okamotto é amigo do presidente. É ele quem administra as contas da família Lula. Para isso, contaria com a ajuda de outro grande amigo do presidente, o empresário Antoninho Marmo Trevisan. Trevisan participou da negociação que resultou no investimento de 5 milhões de reais feito pela Telemar na Gamecorp, empresa que tem como sócio Fábio Luís Lula da Silva, filho do presidente.
 A versão de Okamotto, publicada uma semana depois de ele ter viajado com Lula para Garanhuns (PE) – num vôo durante o qual os dois conversaram longamente –, não foi suficiente para decifrar o enigma do empréstimo. 
Primeiro, porque carece de lógica. Na planilha do Banco do Brasil, Lula aparece como o pagador. Okamotto, no entanto, diz que pagou a dívida, e do próprio bolso. Mais: que não informou nada a Lula e que não se lembra da forma como fez os depósitos. 
Segundo, porque a explicação se choca com uma declaração do ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner. Em nome de Lula, Wagner afirmou que o presidente não tinha débito algum com o partido. Ora, bolas: então, Okamotto pagou um débito que não existia? E Lula aparece numa planilha pagando uma dívida que não tinha? Quando se fala em PT, dinheiro e dívidas, perguntas lógicas quase sempre carecem de respostas idem.

 Juliana Linhares