15 outubro 2012

Parabéns todos os dias!

Hoje eu poderia falar sobre tua vivência como ou com os professores, mas isso estou vendo que tu mesmo podes fazer. 
Poderia concluir o óbvio, que é a importância da atividade para a formação das mentes e consequentemente o desenvolvimento de nossa capacidade de interagir na sociedade, mas resolvi falar sobre a minha experiência, sobre o que vi dos professores dos meus filhos através de seus comentários e desenvolvimento no aprendizado formal.  Por eles, agradecer à especialmente marcante atuação da Eredi Brudna para com o Maicon, da Ana Isabel para com a Camille, do Jorge Avelino para com o Marcelo,  e da Astréia para com o Joseph.
Mas eu também fui professora, e volta e meia sou aluna, sou professora também, dizem minhas alunas de pintura em tela, e rimos. Digo que sou apenas companheira, já que somente faço com que se lembrem do que já sabiam e estava adormecido, sou então uma "despertadora". 
Quando eu for presidente não vai dar para ser professor relaxado ou truculento, que vou dedicar todo apoio à eles, mas ofertando um amor exigente, que cabeça de criança não é penico; e matemática tem que ser ensinada como se deve, como se tu quisesses mesmo que o vivente aprendesse! 
Não tem importância se tu fores presidente e eu não, e tu implementares meu projeto. Idéias inovadoras e informações iluminadoras têm de ser praticadas. Conversa vai e tanto carinho retorna, mas eu tenho afazeres. 
Parabéns aos professores! 
Segue abaixo alguma coisa sobre espíritos de alto gabarito que levo sempre no meu coração fusca.
Não deixando de mencionar a Wally Kruger, minha querida primeira mestre, a Lorena Beal de português, e a Madalena Ceratti de Ciências. C'est la vie, o primeiro conto é sobre Kati: 
"Um professor pode ser cavalheiro, uma atriz pode ser uma dama, porque não?
Um professor pode ser uma diva, uma atriz pode ser um diva também. 
Ser diva, é ser uma pessoa querida, atenciosa,que brilha e marca por onde passa, é uma pessoa que todos gostam, diz o dicionário. 
O Kati iluminava e apaziguava durante suas aulas, e não havia resiliente que permanecesse intratável quando ele perguntava com interesse verdadeiro: -O que está havendo, você precisa de ajuda, se não, pode nos ajudar aqui com este assunto? 
Tive aulas com ele por três anos. José Carlos Corrêa, o Kati, lecionava Geografia, História, EMOCI e Religião, então com ele falávamos de tudo, ele falava baixo e suavemente com voz de arroio, e eu me encantava mais pelo efeito que ele fazia na turma,  geralmente indisciplinada quando outros professores estavam com a batuta. 
Era o regente, acredito que da maioria das turmas. 
Um cavalheiro...durante uma de suas aulas discutíamos os grupos étnicos que colonizaram o centro do estado do Rio Grande do Sul, e quando cada um falou sobre sua origem ancestral, a brincadeira surgiu; Kati era o único negro da cidade, será? 
Contei que minha melhor amiga da primeira série, uma que tinha trancinhas duras e modeláveis, que eu tentava imitar exaustivamente sem sucesso, era negra - a Fátima - Kati sorriu daquele jeitinho amável e disse: -Fátima é minha minha filha, e então tu estudastes a primeira série no Ademar Porto Alegre? 
Kati, meu melhor professor, Fátima minha melhor amiga, empatia, traço familiar - coisas séria! 
Hoje estou pintando um Jesus sorrindo, para minha  médica holística. 
Enquanto pintava, a tevê gritava noticiário. Nos intervalos a voz de uma atriz conhecida dizia: 
-Eu sou uma atriz, é minha profissão, não sou uma dama, ou uma diva, sou só uma atriz. 
E em cada intervalo esta mensagem martelava. 
Do que ela tem medo, o que ela não quer ser, que imagem lhe causa repulsa? 
Juntei mentalmente ao clip de uma música  que recebi para apreciar, nele uma atriz representa uma adolescente cambaleante com uma garrafa de vodka na mão e um cigarro entre os dedos bebia no gargalo por haver sido rejeitada pelo rapaz que gostava. Não sei...
Este texto já publicado no Flor Amarela em maio de 2011)
"Conheci minha mestre, Inge Jost Mafra, em um curso aberto da UNIJUÍ. Logo após o término do mesmo passei a frequentar a casa dela e do marido, o advogado Ben-Hur Lens Mafra, naquele lar universal vogava a instrução global, saborosa e divertida...
Modelagem: Ben-Hur modelo. 
Pintura e desenho: tantas vezes Ben-Hur como modelo e crítico. 
Cinema: Ben-Hur professor 
Literatura: Ben-Hur indicando e emprestando livros de sua biblioteca; fazia-nos assinar fichas de empréstimo; tinha uma grande biblioteca e um curioso catre onde lia, parecia incômodo, quando  perguntei porque não lia num lugar aconchegante, respondeu que um filósofo não se desenvolve no conforto. 
Era tarde, pois a casa era uma delícia, o projeto da vida deles recém concretizado. 
Ali havia também e evidentemente, atenção à  gastronomia, especialmente às sopas que Inge preparava declarando os passos. 
No inverno ela e Ben-Hur estavam mais inspirados a reunir, e assistindo documentários raros ao sabor de vinhos bons aprendíamos macetes para valorizar as sopas e caldos, fácil com os ingredientes que eles produziam na granja... 
Inge vivia perfumada de cebola e alho frescos. Criei um dos meus filhos, o Marcelo, que ela amava e acreditava que fosse se tornar um artista (e de fato, hoje, aos 24 anos, ele trabalha na produção de cenografia para peças teatrais e produz febrilmente adereços para a tribo dos cosplayers), e tive minha única filha naquela época. 
Inge foi a primeira visita que Camille recebeu em casa. 
Através da irmã  de Inge, a conceituada terapeuta Renate Jost de Moraes, durante sua apresentação e temporada de atendimento no Colégio Sagrado Coração de Jesus, fui iniciada na regressão orientada a vidas passadas (http://www.fundasinum.org.br/curric_renate.htm).
Na semana passada recebi uma linda coleção de fotos, são releituras de obras dos grandes mestres da pintura feitas com legumes, os originais pertencem ao Museu dos Legumes de Israel. 
Ao ver a releitura de A Jangada de Medusa, logo  lembrei de Ben-Hur, que declarava sua admiração eterna pela obra. Ele dizia ser a melhor pintura de todas que conhecia, e Ben-Hur conhecia muito de tudo. 
A cada citação fazia questão de mencionar a história da obra de Theodore Gericault e o contexto de sua apresentação no Salon de Paris, ano de 1919 (veja a história ativando o seguinte link, que se Ben-Hur ler este escrito, lá onde está, e ver que não honrei suas aulas, ao menos indicando... então, ative o link! http://www1.ci.uc.pt/iej/alunos/1999-2000/medusa/quadro.htm ). 
Quando frequentei a casa, atelier, escritório de advocacia, durante as férias, dois dos filhos deles circulavam por lá. Estudavam arquitetura em Porto Alegre e São Leopoldo, André e Leandro. 
Por influência de Leandro estudamos o projeto arrojado que Paulo Mendes da Rocha criara para o MuBE de São Paulo, pois estávamos de viagem marcada rumo a Bienal com o grupo de Artes da universidade, que Inge coordenava, e estudávamos detalhadamente os pontos que integrariam a agenda de visitas. 
Conhecemos um MuBE sem exposição, sendo ele mesmo o foco. 
A construção estava sendo finalizada e Inge solicitara a autorização prévia. Pisamos no concreto virgem de público - eu inaugurei o MuBE!? 
O filho mais velho de Inge estava no exterior, o engenheiro envolvido com projetos de sustentabilidade e orgânicos, quando no Brasil ninguém sabia o que isso significava. 
A única filha de Inge, Clara Cristina, morava em São Paulo. 
Recentemente encontrei via net o filho mais velho, o famoso Nono. Nono é a cara da mãe, sorri como a mãe - a pessoa mais doce e sensível que conheci, a culta coordenadora do Curso de Artes da UNIJUÍ, que se gabava de ter sido a primeira moça da cidade a usar lentes de contato azuis, que encomendou do exterior especialmente para o dia de seu casamento  com Ben-Hur, certamente o homem mais amado e cultivado por sua esposa que já conheci.
Depois que me mudei de cidade e estado, trocávamos cartas.
Nos vimos pela última vez há nove anos na casa dela(na foto), um mês depois de Ben-Hur ter falecido... 
Depois que eu já estava morando em São Paulo chegou em um dia de inverno, ou não, mas de muito frio, uma carta de Inge: fôra diagnosticada com câncer de pâncreas - lutava e estava positiva.
Hoje foi dia de sopa, sempre remete... Jangada de Medusa também."
Mestre adorável, Rubens Ewald Filho, enciclopédicos conhecimentos universais, especialidade: Cinema! Na foto, encerramento do curso de Roteiro para Cinema na Casa do Saber. 
Rubens é atencioso com todos, seguro na condução didática, e por ser seguro se dá ao luxo de ser carinhoso, receptivo, então é elegante. Um ser aberto à vida, embora aparentemente tímido.

Com a querida aluna Sara Emanuela Dallabrida, 
é a vida. E é bonita!

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