Cartaz da Revolução de 32 |
Em 9 de julho de 1932 a revolta estourou, já fazia um ano e nove meses que Getúlio Vargas derrubara o presidente Washigton Luís, suprimindo a Constituição elaborada em 1891, e administrava nomeando tenentes ou quem lhe parecesse melhor designar para interventores nos estados.
Para São Paulo, pachorrento, Getúlio largou de paraquedas o pernambucano João Alberto Lins de Barros. Dizem por aqui, até hoje, a antipatia em pessoa, que de um passo esquerdo entrou no Palácio dos Campos Elíseos, declarando que sim, era bonito, mas melhor ficaria quando o reformasse para quartel.
Amizade ou carinho por por São Paulo? Nem em sonho.
Os estados andavam alvoroçados, alguns cobertos com panos quentes haviam recebido um cala-boca: conservavam designados entre seus líderes como interventores. Em São Paulo ainda bailavam sobre as cabeças os mal-estares, resquícios da refrega de 1924.
Mas João Alberto, vai ver, um tímido que se portava agressivo diante de má recepção, sabe-se lá a que escaramuças é capaz de recorrer um tímido acossado e inseguro?
João Alberto era praticamente um elefante pisoteando o brio dos paulistas que apoiaram a aliança de Getúlio e esperavam mais consideração pelo estado, mas que nada!
Passa uns dias e eis que não era tímido nada, o João Alberto! Comunista, apreciador de greves sindicais, desde que fossem organizadinhas, liberava mas - espere ai - reprimia se alguém cantasse desafinado. O protegido dor-de-cabeça do Getúlio, vai ver era anarquista?! O embaixador da Itália o declarou facista de marca maior.
Tanto fazia que deixava Getúlio deprimido com sua falta de linha, sai então João Alberto, Getúlio nomeia para seu lugar o desembargador Laudo Camargo, e agora, meus sais?
Agora os colegas militares não lhe vão com a cara, sai Laudo Camargo, vem Manuel Rabelo, que consegue permanecer 4 meses no cargo.
Não faltavam razões para ansiedade entre tantas mudanças e instabilidade, e em 25 de janeiro de 1932 o povo reuniu-se se para um comício na Praça da Sé, chovia, mas ninguém era de açúcar, e a multidão marchou, já cega, em moto contínuo, para a rua Boa Vista, onde Julio de Mesquita Filho, diretor do jornal O Estado de São Paulo falou-lhes da sacada: um dos líderes do movimento insurgente.
No dia 17 de fevereiro, o Partido Democrático e o Republicano se unem.
Estava forma a Frente Única Paulista.
Getúlio tenta contemporizar nomeando para interventor o paulistano Pedro Manuel de Toledo, que já havia sido embaixador do Brasil na Itália e Argentina.
Mas com as condicionantes não era mais possível respirar aliviado nesta altura do descontentamento, a insegurança era atroz, a inconstitucionalidade evidente e o movimento já englobava civis e militares.
No dia 23 de maio manifestantes invadiram a sede da Legião Revolucionária, entidade representeante do regime getulista e foram repelidos a tiros, quatro manifestantes morrem e o estopim está aceso, logo a seguir um grupo de estudantes invade o estúdio da Rádio Record e lê um manifesto.
Como todos já estavam engajados, a Rádio libera seus microfones mais que de bom grado e passa a ser o canal do movimento que reunia civis e militares, para este que foi último grande conflito armado ocorrido no Brasil.
A mais importante atividade civil, foi a articulação dos líderes da Frente Única Paulista - Francisco Morato, Altino Arantes (o avô da dinâmica Marchand Dulcita Arantes Leão de Lima Costa) e Valdemar Ferreira.
Entre os militares, a maioria já estava tapada de nojo pelos tenentes de Getúlio, que não consideravam representativos do ideal militar, e aderiram naturalmente ao movimento, destacando-se o general Bertoldo Klinger, o chefe do estado Maior do Rio de Janeiro, Tasso Fragoso, e o coronel Euclides Figueiredo (pai do menino João Batista, que viria a ser presidente do Brasil durante o pacífico período denominado Abertura).
As batalhas ocorridas em diversas frentes deixaram aproximadamente 800 mortos, entre bombardeios e ataques improvisados, mas sem dúvida com respaldo moral maciço de todo vivente de São Paulo, reforçado por manifestos a favor em Belém Salvador, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
Antes da Revolução, Getúlio Vargas já havia prometido promover eleições em 1933, passada a revolução, livre dos tenentes indisciplinados, realmente o fez.
Medalha Pedro de Toledo, foi criada por Laudo Natel e Henri Aidar e é concedida pela Sociedade Veteranos de 32. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário