Era uma vez uma rainha que vivia com sete filhos e uma filha em um lugar distante, além de uma imensa floresta. Um dia a rainha adoeceu gravemente, e não havia um único médico capaz de curá-la, Seus filhos, então, foram procurar uma velha curandeira, mas ela também não conhecia remédio para o mal da rainha. Fez-lhes, no entanto uma revelação: -Além dos sete reinos tem uma grande floresta, e bem no meio dessa floresta há uma fonte. A rainha só se poderá curar se ela beber da água daquela fonte. Os príncipes se reuniram apara avaliar como poderiam ajudar sua mãe. Decidiram que o mais velho deles deveria ir pegar a a água na fonte, O príncipe, então, pôs uma bilha no ombro e foi embora em busca da água milagrosa. Assim que entrou na floresta , viu um lindo pássaro empoleirado numa árvore. O príncipe ficou olhando, olhando, tropeçou, a bilha caiu e quebrou. Voltou para casa sem a água benfazeja. Resolveu, então, partir o segundo irmão. Mas este também não teve sorte. E assim sucessivamente os irmãos partiam e voltavam de mãos vazias, as respectivas bilhas espatifadas, sem que nenhum deles lograsse trazer a água que poderia salvar a rainha.. Ela ficou terrivelmente zangada e em seu desespero gritou:- Senhor meu D'us, transforme estes filhos inúteis em gansos selvagens. Mas terminou de falar, todos se transformaram em gansos selvagens e voaram pela janela com grande alarido. A menina, irmã dos sete príncipes, vivia perguntando à mãe onde foram parar seus irmãos. A rainha, porém, nada quis revelar. A princezinha chorava e se lamentava, e um dia tanto chorou que ela finalmente revelou o que sucedera.-Oh, minha mãe - falou a menina, cheia de tristeza - vou atrás dos meus irmãos e a senhora não me verá enquanto eu não encontrá-los. Em vão os pais lhe pediram para ficar, a princezinha não sossegou. Ela realmente partiu. Andou, andou, até se deparar com uma casa. Uma velha estava sentada na cozinha. A menina interpelou: - Boa noite avozinha! A senhora poderia me dizer que lugar é este? - Ai, minha filha, é melhor sair correndo daqui, porque quando meus sete gansos selvagens voltarem à noitinha e a encontrarem aqui, eles vão rasgá-la em pedaços. A menina ficou muito contente ao ouvir isso, implorou à velha: - Deixe-me falar com eles, avozinha! Esses sete gansos são meus irmãos! - Eles não falam com ninguém, minha pobre garotinha, eles apenas despedaçam quem encontrar pela frente. Mas a princesa tanto pediu, tanto rogou, que a velha se condoeu dela, levou-a até um quartinho e a escondeu em baixo de uma tina. Pouco tempo depois chegaram os gansos fazendo muito barulho. Assim que entrara, o mais velho deles comentou: - Sinto cheiro de gente, minha velha, quem está aqui? A velha suplicou que não maltratassem a pessoa que estava ali, porque ela queria muito falar com eles. - Não falamos com ninguém - retrucou o mais velho -Entregue-nos quem aqui estiver, minha velha, pois queremos acabar com ela. O mais jovem dos gansos, porém, interferiu: - Vamos deixar que ela fale um pouco, depois, podemos ainda estraçalhá-la. - Pois então, que fale -disseram também os outros. Ouvido isso, a velha foi até o quartinho, e voltou logo depois, acompanhada pela mocinha. Assim que ela viu os irmãos, rompeu em prantos. - Queridos irmãos! Andei procurando por vocês durante sete anos e agora, finalmente, os encontrei. Me digam, como posso resgatá-los? Jamais conseguirás isso - disseram cheios de tristeza. Mas a princesa, tanto pediu, tanto implorou, até eles contarem: - Terás de levar uma vida errante por sete anos, se quiserem que a gente se liberte. Durante esses sete anos não poderás falaram isso quer dizer que não deverás pronunciar uma única palavra, aconteça o que acontecer. Se não fizeres isso, estaremos perdidos para sempre. No mesmo instante a princesa se calou depois partiu em direção a floresta. De repente ela ouviu um latido de cães. Um príncipe caçava por aquelas bandas, e seus cachorros começaram a latir ao sentir a presença da moça. O príncipe também a viu, mandou um criado seu para falar com ela. - Vá, meu filho, pergunte-lhe o que faz uma moça na nossa floresta. Depois traga-a aqui. O criando obedeceu, mas assim que viu a jovem de perto, sua extrema beleza o deixou sem fala. Quando finalmente conseguiu recuperar a voz, de nada lhe adiantou, pois ela recusou-se a responder. Pegou-a pela mão e a conduziu até o príncipe. Este, também se espantou muito ao vê-la, Perguntou-lhe: - De onde vem, menina? Mas ela nada respondeu, embora o príncipe lhe tivesse falado em húngaro, alemão e até em italiano, fazendo tudo o que era possível para que ela dissesse alguma coisa, mas a moça continuou calada. Ainda assim, o príncipe se apaixonou por ela, levou-a ao castelo e ficou esperando que ela falasse. Depois, já gostava tanto dela que nem se importava mais que fosse muda. Casou-se com ela e viveram felizes por muito tempo. Um dia, o príncipe teve que partir para a guerra. Recomendou à esposa que escrevesse se ela fosse dar à luz um menino, porque, então, ele voltaria ara casa imediatamente. Mas o príncipe tinha uma velha e cruel madrasta que nutria uma raiva muito grande pela bela princesa. Tinha ganas de afogá-la até numa colher de água. Durante a ausência do príncipe, a princesa realmente deu à luz uma linda menina. Mas, em meio à noite, a cruel madrasta entrou às escondidas no quarto da princesa e raptou o bebê. Teve, ao menos, a consideração de não matá-lo, mas entregou-o para uma velha criar. E no lugar do bebê, a madrasta colocou no berço, um gato felpudo. Depois, ela escreveu ao príncipe que sua esposa dera à luz um gato felpudo, pelo que ela merecia a morte. O príncipe, no entanto, amava muito a esposa e não desejava a sua morte. Escreveu de volta dizendo que o gato deveria ser eliminado, mas ninguém devia tocar na princesa. E quando voltou para casa, mal conseguia consolar a esposa. Mas passado algum tempo ele teve que partir novamente para guerrear. E enquanto o príncipe estava fora, a princesa teve um belíssimo menino. Mas a velha madrasta tornou a raptar a criança. Também esta não foi morta, mas foi trocada por um cãozinho felpudo. Depois ela espalhou a notícia por toda a aldeia, que a esposa do príncipe, desta vez dera à luz um cachorrinho. Tornou a escrever, contando ao príncipe o ocorrido. Pediu também, que ele voltasse logo. O príncipe realmente voltou, muito zangado, mas nem agora ele quis maltratar a princesa. - Afinal de contas, ela é minha legal esposa, disse, qualquer que seja seu pecado, não posso mandar matá-la. A pobre princesa chorava noite e dia, Poderia explicar sua grande tristeza, mas não lhe era permitido falar. O príncipe a exilou do castelo, mas não a expulsou para longe, apenas mandou construir uma pequena casa no jardim, para trancá-la lá dentro. Nesse meio tempo transcorreram os sete longos anos! Os sete irmãos estavam chegando no exato momento em que a bela princesa estava sendo encerrada na casa do jardim. Nesse meio tempo, transcorreram os sete longos anos! Gritaram de longe: - Estamos livres, querida irmã, e agora queremos ajudar para que tu também te libertes. Ouvindo isso a princesa voltou a falar. Pediu que levassem imediatamente à presença de seu esposo. E então, ela contou que não lhe nasceram gato nem cachorro, mas uma linda menina e um belo menino. Contou também que a madrasta fizera. A ira do príncipe não teve limites. Mandou buscar a madrasta que confessou tudo e até providenciou que trouxessem as duas criancinhas. E agora foi a vez da cruel madrasta ser enclausurada na casa do jardim, enquanto os sete irmãos foram convidados a morar no castelo real.
Extraído de O Mundo dos Contos e Lendas da Hungria, editora ETCetera: etceteraeditora@aol.comFoto em meu atelier A Casa do Bispo, na sala irlandesa, ao lado do bolo açucarado - Cordeiro - recebido de Norma Lemanski e motivo da sessão fotografica, era véspera da Páscoa. Fotógrafo: Eloir Hass, 1999,
Clicando no título da postagem chegarás ao vídeo De Profundis, Michel Richard Delalande.
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