10 agosto 2010

Mister Panelas


Ser vivo mora na rua

no capão dos galhos emaranhados

Ser capado da vivência

doutros seres aleijado.

Acampa pendura os trastes.

Sorte feia a do Pedro

o senhor Pedro Panelas!

Prefere as pedradas dos piás

Ao inferno da favela.

Pedro Bugre para os homens

Pedro Louco pras mulheres.

das crianças o Noel,

presente feito castigo:

Se fores mal na escola,

Pedro Panelas é quem vem vem para ti.

Pedro tâmara seca é sua pele,

unhas do mais duro pinhão.

Pedro esquimó na geada

feroz lagarta

encasulado de papelão.

Lustro negro do borralho

olhar sombrio

gesto certo.

Pedro esfrega,

lustra

e pendura.

Tilintando os seus metais

rebrilhando na fedentina

do bugre Pedro

fascinado

por limpeza de cozinha.

Garras toscas - palha de aço

sobrancelhas àspera escova,

todos passam, estão vivendo.

E Pedro lá, solitário

entre as árvores acinzentado

O bugre Pedro - o despenseiro

a brincar de casinha, o coitado.


Escrevi e ilustrei em

São Paulo 26/01/10

Para o vídeo Sobre a Unimultiplicidade deTom Zé e Ana Carolina, clique no título da postagem

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