28 agosto 2010

Caciporé Torres


O escultor Caciporé Torres foi convidado pela coordenadora de Arte e Educação do Mube, Eneida Fausto, para falar sobre sua trajetória aos professores e artistas, alunos do curso de Arte Moderna e Contemporânea ministrado por Flávia Rudge Ramos no Museu Brasileiro de Escultura. Caiporé raiou sobre o auditório lotado do MuBE, lançando chispas. Colheu admiração ao fundamentar críticas aos curadores das últimas Bienais, que denomina “pragas do setor artístico”, indivíduos que dotados do poder para valorizar artistas consagrados e descobrir novos talentos, investem em artistas episódicos. Caciporé se define como integrante do grupo dos artistas que mantém a dignidade de trabalhar em seu atelier sem terceirizar a produção, declara que nunca ficou um dia sem ir para o atelier, acha um privilégio ter dúvidas, humildemente se intitula um profissional liberal que trabalha com a emoção. Fala com a segurança que sua experiência lhe confere, sendo ele um valor descoberto em uma Bienal. Aos dezenove anos inscreveu um trabalho, que avaliado por uma comissão nacional, em seguida por um júri internacional, foi exposto e premiado com a estadia de um ano em Paris, onde freqüentou e trabalhou nos ateliers dos artistas que admirava. Fez seu espaço e acabou morando dez anos na França, retornando ao Brasil somente após o falecimento de Armando Alvarez Penteado, que deixára registrado em testamento o desejo de que parte da sua fortuna fosse empregada na abertura de uma escola de arte. O testamenteiro encarregado, Roberto Pinto de Souza e Flávio Mota formularam o convite para que ele retornasse ao Brasil para dar aulas na Fundação recém criada. Caciporé retornou pensando em ficar apenas seis meses, porém, após este período optou por fixar-se em São Paulo, donde é natural. Consciente que teria que resolver o enigma da sobrevivência deu aulas e iniciou a produção das monumentais peças e paineis para espaços abertos. Quanto as recentes Bienais, sua opinião é de que aceitar xixi ou coco como obra de arte deveria ser considerado crime, pensa que colocar destruição como genialidade é um erro, salienta que a arte que defende é a produção que se soma ao patamar já alcançado, não o destrói. Finalizou sua participação na aula falando ao grupo no jardim do museu junto a sua escultura que pertence ao seleto acervo do MuBE, discorreu sobre o processo criativo e de manutenção da mesma, uma das oitenta obras de sua autoria em exposição permanente em espaço aberto, tirou fotos com os alunos e respondeu perguntas. Minha admiração ao forte-simples-seguro, Caiporé!
Para ver o vídeo com alguns trabalhos de Caciporé, clique no título da postagem

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