Verte verde
Sobe rente ao
Esmeraldino tabuão
Nisso venta e é frio
Como as corridas
Da infância no inverno
Antes da chuva.
Uma curva e mais um parque
Então a rua crivada de remendos
Contendo fantasmas descontentes - apesar de antigos, imaturos - que brincam de machucar os vivos
com tombos, topadas e derrapagens.
Para os que sabem, tramóias previsíveis.
Aos que não, é normal ou no máximo, tudo é mistério!
Verte a água da calçada e o gaiato escreve a tinta branca e aponta a flecha: "ÁGUA"
Verdes montes abraçam São Paulo
Canhadas visitadas por estradas ondulantes
Onduladas e depois da curva a surpresa
Em prédios encimados por portais abastados em materiais nobres
Em repentinos cortiços comprimidos em prédios pobres
Ainda assim alegria.
Na minha nova casa, sobre um andar elevado de um prédio encantado
Montei meu altar na janela
Nela profiro orações estrábicas
Um olho em Deus
Outro nas Luzes
É alto, e nunca houve tanta paz.
Bem que disse seu Antonio ao entregar as chaves:
Neste lugar fomos felizes.
E volto a orar na janela sentada sobre o prato da vida
Mantida em suave suspensão por anjos dos quais
Começo a ouvir os nomes, ah se minhas lágrimas de gratidão fossem diamantes!
Mas e anjo lá vai querer cobrar pela proteção?
Com a atual política de salário de penúria,
Esperam os governantes tornar anjos aos policiais?
E o Inca vivo pesa os dados
Linka os fatos, mostra as fotos da
São Paulo piramidal, o centro desta América
Agregando os feixes faz a justiça
Aparece cintilante e tão concreta
Quanto o neom magnético
Pregado as paredes por destras mãos humanas
Ai de quem mexer na kuatchara esperando impunidade
Ofusca de perto
Adoece ao que a ferro fere
Agradando somente ao Respeito.
E sobre a colina se estendendo noutra cidade
Ainda assim São Paulo, esta com metrô
Mais prédios e murais e entre tudo
Célere corre a aranha carregada de caixas de som
Fugitiva de um ponto impreciso da Estação da Luz
Se mesclou a um humano sem camisa que no centro
Desta América sorri segurando as rédeas de um baio veloz ao ultrapassar o carro importante e some no trânsito sem tempo, sem espaço.
Era julho
Agora há vento
Esfriou e é preciso fazer tudo
Antes que chegue a chuva.
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