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Observei que o discurso humanista e construtor utilizado pelos professores, se contradiz com a prática tradicional dos mesmos, em especial, na utilização do Projeto Político Pedagógico como direcionador de uma ação comum para construção de uma sociedade solidária e justa.
A tirania e a violência observadas no âmbito educacional é o resultado da falta de clareza de papéis e do não reconhecimento do "outro" como "outro" e não como um "eu" ou como um "mesmo" nas relações do cotidiano institucional.
Em todos estes anos de experiência no trato com pais e professores, acredito que só inquietando a mento do "outro" é que se constrói significativamente o conhecimento. Inquietar a mente é desvelar-se para o outro e possibilitar que as transformações ocorram sem prejuízo para o "eu" e o "outro" da relação que se deseja instaurar.
Não basta em nossos dias ter competências desejáveis para se bem educar. Faz-se necessário despertar para a pesquisa, desenvolver técnicas de aprimoramento, ajudar crianças e adolescentes no seu processo de maturação psicológica, colaborando assim para a formação da personalidade do futuro adulto.
Busquei a definição do termo "Bullying" no dicionário da Língua Inglesa e descobri que não há termo equivalente na Língua Portuguesa. Não satisfeito, recorri aos colegas e professores de Inglês que me sugeriram procurar o termo "Bully" que pode ser traduzido como "valentão", "tirano", "brigão" e enquanto verbo, "Bullying, poderia significar "tiranizar" amedrontar", "brutalizar".
Portanto, o fenômeno Bullying, designa comportamento agressivo e anti-sociais, adotado por um ou mais indivíduos contra outro(s), causando dor, angústia e sofrimento. São ações intencionais e repetitivas, que causam humilhações, constrangimentos, angústias, medo, vergonha, traumatizando o psiquismo principalmente das vítimas. Manifesta-se de várias maneiras: física, verbal, moral, sexual, psicológica, material e virtual.
A escola tem sua função social intrisecamente ligada aos interesses políticos dominantes que determinam o que, o porquê, o como, o quando da educação. Em seus princípios sociológicos e democráticos, a escola tem por função construir uma sociedade mais justa e solidária; construir sujeitos críticos e participativos; formar cidadãos que busquem e proponham soluções para os problemas da sociedade.
Na Noruega e Dinamarca o termo utilizado para designar "bullying ou comportamento inadequado de alunos" é "mobbing", na Suécia e Finlândia "mobbing", na Frnaça "hercèlement quotidien", na Itália "prepotenza ou billismo, no Japão "yjime", na Alemanha "agressonen unter shülem, em Portugal "maus tratos entre pares" e na Espanha "intimidación ou acoso y amenaza entre escolares"
é fato que a exposição de forma repetitiva e prolongada a situações de humilhação, ameaças, afetam diretamente a auto-estima (leitura de si frente ao outro) de crianças e jovens.
Consequentemente as crianças e os jovens vão se "fechando em seu próprio mundo". A concentração nos estudos fica comprometida e a ausência em sala de aula torna-se uma constante.
Há casos em que as crianças e os adolescentes criam uma fobia em relação ao espaço escola. Principalmente quando se deparam com comentários cruéis, fotografias montadas, ofensas e comentários racistas.
O grande desafio para a humanidade, no momento, é resgatar valores e princípios adormecidos, inebriados ou deturpados, como: Compreensão, Fraternidade, Gratidão, Generosidade, Alegria, Flexibilidade, Honestidade, Paz, Integridade, Responsabilidade, Parceria...
Para se refletir as supostas verdades oriundas das discussões filosóficas é que surge na Grécia antiga, a Ética, enauanto valor, ciência e saber.
As normas exemplificadas, os princípios impostos e o cumprimento "das supostas normas" ganham o nome de moral.
A ética e a moral, enquanto expressões de valores e princípios revelam o agir humano em sua convivência com o "outro" em sociedade.
A sociedade cria, incorpora e transmite valores e princípios que em geral são reproduzidos pelas instituições. Os valores e os princípios expressam ideais, desejos, interesses que o homem pensa poder alcançar e perpetuar.
Valores e princípios estão na maioria das vezes associados a moral e a ética. No entanto, moral e ética só existem em tempos de paz, pois em tempos de crise ou de guerra a moral cede lugar a política individualista que não representa os ideais coletivos, característicos do sistema democrático representativo.
Quando a sociedade encontra-se em guerra, a crise de valores e falta de clareza de papéis evidencia--se na família e na escola.
é importante ressaltar que cada um de nós possui um grau de resolução de problemas diferenciado. O que pode parecer uma tempestade em copo de água para um pode ser o fim do mundo para outro.
Competência não é sinônimo de desempenho. Pais e professores ao instaurar uma relação com o "outro", evidenciam o próprio grau de competência interpessoal de que são portadores. Porém, se faz necessário utilizar-se de habilidades específicas e imprescindíveis que permitam aprimorar o tipo de relação pai e filho, professor e aluno que se deseja construir.
Num mundo plural, em que a diversidade do pensamento suscita criação e mudanças possíveis, até inimagináveis, pais e professores são convidados a todo o momento a aprimorar habilidades para bem educar.
Extraído do livro Fenômeno Bullying ou Crise de Valores, de Jamar Monteiro, publicado pela editora Intersubjetiva/Sopa de Idéias.
Jamar Monteiro, e-mail: jamar@intersubjetiva.com.br
Foto acima: fiz dia 17 de setembro, um dia depois do aniversário de minha mãe, que me contou que dentes-de leão como esse eram empregados entre seus colegas de infância; sopravam de surpresa na cara dos outros e perguntavam:
-Queres ver o diabo? E pernas para que te quero!
Foto abaixo: Vista lateral da Torre de Babel, pintura, e um que não lembro o nome; é colagem, aragem, susto, fiz em 1995.
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"Leão, o Pontífice começou a balançar a cabeça de um lado para o outro sobre o travesseiro, murmurando inquieto.
Por um instante ele se sentiu tentado a contar o pesadelo , mas não ousou. Aflorara como uma nova lua dos lugares mais sombrios da memória da infância; e derramara uma luz impiedosa sobre um recesso oculto em sua consciência de adulto.
Havia na escola um menino maior e mais velho que o perseguia constantemente. Um dia confrontara seu algoz e indagara por que fazia coisas tão cruéis. A resposta ainda ecoava em sua memória:
-Porque fica na frente da minha luz; está tirando o meu sol.
Como era possível, ele perguntara, já que era muito menor e mais jovem? ao que o tirano acrescentara:
-Até mesmo um cogumelo projeta uma sombra. Se cai em meu sapato eu o arrebento em pedacinhos.
Fora uma lição rude mas persistente nos usos do poder. Um homem que se postava contra o sol virava uma sombra escura, sem feições, ameaçadora. Contudo, a sombra era cercada por luz, como um halo ou a coroa de um eclipse. Assim, o homem-sombra assumiu o nome de uma pessoa sagrada. Desafiá-lo era um sacrilégio, um crime dos mais condenáveis.
Assim, nas últimas horas antes de ser drogado e levado para a sala de operações, Ludovico Gadda, Leão XIV, Vigário de Cristo, Pastor Supremo da Igreja Universal, compreendeu como, ao aprender com o menino que o atormentava, fora pessoalmente levado à tirania.
Em desafio à injunção bíblica, costume histórico e descontentamento entre clero e fiéis, designara como arcebispos principais na Europa e nas Américas, homens de sua escolha, conservadores de linha-dura, defensores obstinados de bastiões há muito superados, surdos, cegos a todas as súplicas de mudança. Eram chamados os homens do papa, aguarda pretoriana do exército dos eleitos.
Eram os ecos de sua própria voz, abafando os murmúrios dos clérigos descontentes, da multidão anônima fora dos santuários.
Fora uma confrontação dura e uma vitória inebriante. Mesmo enquanto recordava, seu rosto endureceu, reassumindo a antiga expressão do predador. Clérigos dissidentes haviam sido silenciados por uma dupla ameaça: suspensão de suas funções e designação de um administrador apostólico especial. E o povo, com seus pastores silenciados, também se tornara mudo. Não tinha voz nas assembleias, só podia se manifestar livremente fora, entre os hereges e infiéis.
Foi o pesadelo da infância que levou Leão o Pontífice a admitir o mal que causara. Era a sombra do bisturi do cirurgião que o lembrava de que talvez nunca tivesse a oportunidade de repará-lo. Enquanto os primeiros galos cantavam, nas fazendas em torno da Villa Diana, ele fechou os olhos, virou o rosto para as paredes e murmurou sua última e desesperada oração:
-Se minha presença esconde a Sua Luz, ó Deus, então me remova! Risque meu nome do livro dos vivos! Mas se me deixar aqui, então suplico que me conceda olhos para ver e coração para sentir os terrores solitários de Seus filhos!"
Trecho do maravilhoso e comovente livro que estou lendo: "O Milagre de Lázaro", escrito por Morris West, publicado pela Editora Record.
Diz que com este completa uma trilogia, os dois primeiros, não tenho, não os li, mas estou pintando uma Ressurreição que me toca e me amarra volta e meia.
Interessa-me deveras a passagem sobre o despertar de Lázaro. Encontro no livro a narração envolvente do autor que pinta um retrato tão rico de nunces encantadoras sobre este personagem humano demais: Leão XIV.
Tu tens os dois anteriores: As Sandálias do Pescador e Os Fantoches de Deus, para me emprestar?
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