11 julho 2010

Comentário ao texto do Marmel Ton -Vida em Agradecimento


Interessante o teu trabalho, o que escreves:"Porque desde a infância somos nossos próprios brinquedos, realizações, sonhos, projetos, inventos, alegrias e decepções".
Quando eu era bem pequena, na leitaria dos meus pais, brincava com argila, fazia bolas - antes de conseguir modelar os patos - fazia as bolas de argila negra e deixava secar ao sol. 
Aprendia sozinha antes da idade da alfabetização, pesquisava...as infames bolas, no inverno do Rio Grande do Sul não secavam nunca! Na sombra ou na chuva, sempre ficavam moles por dentro. Ao sol do verão rachavam como pão quando cresce no forno, era um nojo, já que eu as queria lisinhas. 
Para construir algo...uma casa só para mim, feita de bolas bonitas...ou forrar um caminho que levaria a outro país ou a muitos outros! 
Queria encher o mundo de pedras redondas, ia apostar com Deus, o tal que acorda todas as manhãs e batendo palmas faz margaridas, pede mais, mais, mais! 
Pois ele - quadrado - ia continuar nas suas pedras disformes e eu iria consertar e embelezar o mundo à minha maneira - tudo redondinho. 
Era minha luta. Mas como obter o êxito?  Se não conseguia que as diabas secassem por dentro e por fora e ficassem uniformes. Minha mãe me disse um dia, veja bem, eu não lhe perguntei, que a conquista, a descoberta é mais prazerosa quando é fruto de pesquisa solitária, pensava...penso.
Ela disse: 
-Isso ai tu terias que queimar, cozinhar para dar certo. Deixa secar, depois põe entre as brasas de uma fogueira. Fica duro como pedra, assim os bugres fazem seus potes. 
Estragou minha pesquisa. 
Mas é claro que um dia eu ia descobrir isso sozinha! 
Tu não achas, Marmel, que pais que dão resposta sem serem questionados estragam a brincadeira?
Foi então que me voltei às pesquisas de botânica e experiências de melhoramentos na produtividade do pomar; com a seringa mais linda e forte que existe, metal e vidro, aspirava suco de limão ou laranja e injetava no pessegueiro...pois...vivia
m se queixando, - os adultos, que os pêssegos dali eram encruados - e mais feios eu nunca vi mesmo; as flores até que eram bem formadinhas, mas os frutinhos mirravam sem amadurecer. 
Começei a trabalhar naquilo - melhoria genética, hoje sei, enxerto estrambólico, é certo, mas...tentativa! 
É a vida. 
Nunca mais me tiraram o gosto. 
Era um ritual. 
Primeiro, quando eu era pequena, apanhava de chinelada quando o pai tinha que vacinar as vacas e encontrava a agulha retorcida como anzol, uns chinelos meio macios, não lembro de dor, e não eram muitas, era algumas chineladas de refilão, acompanhadas de um palavrório federal. 
Pobres pais! Sempre soube, nada resolve bater ou brigar com gente do meu tipo. 
Escondiam o estojo com agulhas...de quê adiantava? Eu tinha mais tempo para procurar do que eles para esconder, primeiro escondiam sobre os armários altos, depois, truculentos, dentro de gavetas no meio de papéis. 
Era um jogo emocionante que eu sempre vencia, e uma vitória, mesmo acompanhada duma sova tem seu valor! 
O pessegueiro...o estrela/paciente, com o tempo transformou-se em fornecedor de varinhas, mas nesta época eu já questionava o valor da vitória com sova, também corria mais que meu pai. Levei mesmo assim uns laçassos. 
Daqueles eu lembro. Seja pelo desaforo de ser agredida com membros do meu paciente, ou por que já estava a me importar mais pela minha saúde do que com a dele. 
Mamoeiros com seu sangue que catalisa de imediato são tão previsíveis e se regeneram mesmo sem doutora, já os abacates gangrenam sempre! Faça tu o que fizeres para sanar os arranhões ou cortes que fez para ver o que tem dentro, ou fazer uma cesárea, sei lá. 
Então, já na idade de bicicleta e corridas disputadas ladeira abaixo com os guris da rua, pesquisando com a minha testa descobri que Deus em alguns lugares já havia forrado o chão de pedras redondas...enquanto eu, nunca aprendi a fazer margaridas.
Sobre vida em agradecimento, o seu texto para comentários no face, hoje quando retornava da padaria pensava no seu conteúdo e na minha vida. 
Em quanto tenho lutado pelo meu amor, chamo de amor, no entanto, quanto do ego está no poder que impede que eu realmente me entregue à ele? 
Escutava um cd com uma excelente seleção do DJ Samuka, que ganhei no Espaço de Jã, nele, na música Os Anarquistas, está a composição de Tuco e Roberto Freire, que diz: 
O AMOR - NÃO A VIDA - É O CONTRÁRIO DA MORTE.

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