17 março 2010

Balé de Navalhas

Corpos quentes
Luz amarela.
Na tenda o cheiro dos séculos
Projeta sombras dançantes
Os fios tecidos
eles decifram
encerrando o trabalho
enrolados de amor.
Nos fios os nós
Em torno deles desenvolvia-se
Um balé de animadas navalhas velozes
Um dia ela foi
E ao voltar não havia o laço
Havia a carta
E vendo-a arder,
Ela apagou-se.

XX

Noutro continente
Desperta a guria
E soluça:
-O dois! Ele se foi...
A avó consola
Ela se aquieta,
Esconde o sonho
Sonhando cresce.
Virtualmente as pontas
Se encontram
Cruzam
O espaço curva
Os dois se reconhecem.
Extremidades!
Ela gira, ele retrocede.
Mais se afastam
Mais apertam os nós.


Em volta deles desenvolve-se
Um animado balé
De velozes navalhas.

Na foto, minha avó, Conceição Ávila de Souza.
No link, Não Me Deixe Só- Vanessa da Mata:

http://www.youtube.com/watch?v=RaOVR5RkJkM

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