No século passado, em 1999, em Santa Maria cidade na qual se chega da Região Missioneira passando pela Garganta do Diabo, abismo onde conta o povo, as noivas abandonadas de antigamente, saltavam feito pipoca; em Santa Maria, a que de um lado tem os morros, e do outro os arrozais... Ali, onde as caravanas se encontravam, importante entroncamento ferroviário, onde o Rio Grande do Sul do tempo das tropas de mulas enfervecia, em Santa Maria, a que fica do lado de Mata, a cidadezinha cujas ruas são pavimentadas com árvores fossilizadas, que ninguém deu por conta quando empregou como calçamento, e agora fica assim... tudo pra pisar e analisar, foi nessa Santa Maria que conheci o som do Véio Mangaba, naquela época. enigmático para mim. Um dia – toda história começa assim, com Um dia, essa está no meio, mas que seja, vamos lá que já é madrugada e o Veio Mangaba logo canta, se hoje não estiver preguiçoso e cantar só as onze, no trem do Campêlo, que como todos devem saber, cruza às onze de toda santa quarta-feira.
Naquele ano de 99, saí da minha exposição no shopping, exaurida de tanta caricatura, época de vestibular era trabalho louco!
Pensei em relaxar ouvindo alguma música nova - melhor que remédio.
Meti a mão na prateleira da loja e desentranhei o Véío Mangaba que estava espremido entre Lecir Brandão e Martinho da Villa, mexí assim na reserva do vendedor, um mulatão poucos amigos que não aceitava que eu calçasse o pé no irreverente Véio Mangaba e as Pastoras Endiabradas.
Uma Rosa na capa e por dentro um batuque bom. O vendedor tentou me convencer a levar o dum lado ou o do outro, mas eu já tinha, tudo o que ele me mostrava – eu tinha!
Ouvimos juntos o cd no som da loja e como fiz cara de muito gosto e aparentei responsabilidade, me cedeu seu filho único, sua raridade. A percussão daquelas músicas nunca serviu para relaxamento, muito pelo contrário, e que ninguém se iluda, o Véio Mangaba de vez em quando fica meio boca suja, bem profano, como as Pastoras e sempre foi censurado quando alguma tia ou vizinha carrancuda apareceu. Rola daqui, rola dali, nunca mais ouvi falar dele - até ontem - quando recebi a propaganda do programa de rádio do Clóvis Campelo, amigo poeta de Recife que é o maquinista do Trem das Onze, alguns dizem: locutor.
Conta ele que hoje o programa será sobre o carnaval do Véio Mangaba e as músicas do Bloco Cordas e Retalhos do Carnaval de Recife. Ele diz para não perder, e nem precisava.
Vão falar também do compositor Bráulio de Castro.
O programa Trem das Onze começa às 11 horas da manhã, na Rádio Universitária AM 820 KHz. Pela internet, acessem pelo site http://www.ufpe.br/ntvru. O programa é aberto a participação dos ouvintes pelos telefones (81) 21268063 e 21268068, além do e-mail cloviscampelo@yahoo.com.br.
Trem das Onze! Essa viagem é imperdível, aliás, como toda viagem de trem.
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