Em novembro, durante um encontro do grupo de voluntários de Contação de Histórias que não vou nomear, pois não tenho autorização, ouvi Isac narrando o conto do Centauro Indeciso de Jorge Bucay. Como acontece de vez em quando, naquele momento, não sei se pela entonação da voz, em função do ambiente ou da atmosfera dada pela luz, ou tudo junto, fui transportada pelas palavras dele ao mundo do ser indeciso, de repente eu era ele.
Não dá para explicar o prazer do momento, eu não consigo.
É como disse Taiguara, “O encontro é lindo por ser simplesmente encontro. E quem se fecha não se acha, enxerga só a solidão.”
Eu apreciei ouvir as histórias de todos naquela noite, uma de uma vaca no telhado, contada em rimas pela Marina foi especial, mas não conhecia Isac e a esposa, que estavam afastados do grupo desde antes de eu começar a frequentá-lo, e a vibração do encontro com o Centauro Indeciso me chacoalhou e emocionou.
Agora leio no manual Educar para solidariedade: Fundamentos filosóficos do voluntariado de Gabriel Perissé, o brilhante conceito de que “Somos chaves uns para os outros. Chaves que abrem portas. Chaves que fecham portas. Um professor pode ser chave para desencadear (abrir cadeados) processos de aprendizagem, descobertas intelectuais, descobertas de caminhos profissionais. Um pai pode ser chave para manter o filho apenas comportado (as portas trancadas). Ou pode ser para o filho uma chave perdida, as portas escancaradas, ou outras portas para sempre emperradas.”
Quando você me diz que só andei passeando pela França e mostro as fotos que demonstram a trabalheira da exposição, você responde que estou me gabando por ter conseguido. Além de me ferir, se sua intenção é relacionar-se, sinto informar que está usando um pé de cabra ao invés d'alguma chave.
Mas sigo em frente.
Mesmo sem dizer: Me desculpe se meu blog lhe parece bobo, mas por favor leia-o e me diga o que acha que devo mudar, antes digo: o meu é assim, pois é assim que sei, você pode fazer um do jeito que sabe e vou querer ver para aprender contigo ou apenas apreciar.
Um sábio ao qual entreguei algumas chaves, me disse: Acho excelente quando você fala sobre você e o que conhece, como o mundo seria um lugar mais agradável e seguro para se viver se as pessoas falassem mais sobre o que sabem por experiência, e deixassem um pouco de lado subir sobre os bancos que outros construíram para gritar verdades que não são suas.
Schopenhauer também fala isso na A arte de Escrever, mas não sei se dá para levar ao pé da letra o radicalismo de Schopenhauer, embora dê vontade, pois é vibrante e nada medroso. Mas voltando ao Centauro Indeciso, em dezembro, no encerramento do ano dos Contadores de Histórias, pedi ao Isac que repetisse o Centauro Indeciso, e novamente a porta se abriu com as chaves do conto. Depois me perguntaram porque eu gosto tanto, e a minha verdade é que não sei explicar.
Também não sei se serei aceita no grupo de contadores, mas os momentos que tive de convivência com a rotina deles, as histórias que contaram me mostraram que caminho quero seguir. É bom, uai!
Amar a vida e tudo o que vem embrulhado nela e ter entusiasmo em descobrir e avançar me parece ser melhor do que pedir desculpas por existir.
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