01 junho 2013

Buscar Jorge

Óleo sobre tela, foto de uma foto,  esta pintura é a mesma tela que aparece embaixo,  eu mudava traços, tentava ajustar a imagem para ficar como no sonho como o fotógrafo gira a lente, e todo barbudo que aparecia podia ser modelo, mas nunca era, era angustiante.
Conheci um homem em um sonho quando eu tinha quatro anos, via ele era adulto, e eu uma mulher. Pesquisávamos.
Foi um sonho recorrente muito intenso. Minha avó me acalmava. Era muito difícil e desesperador acordar sem saber onde estava, 
pois estava mais no sonho que ali. 
Eu via minha morte, via um papel que se queimava diante de meus olhos. 
Tinha um nome que não sabia ler, mas lembro até hoje do desenho das letras no papel pardo e da minha consciência dizendo: "Buscar Jorge". 
A Adolescência veio e o sonho sumiu, minha avó morreu, mas seus conselhos ficaram: 
"Ha coisas que não adianta compartilhar com quem não entende." 
E sempre fui dada a sonhos que se realizavam, sorria, eram pequenas coisas, sorria. 
Eu lembro de tudo! 
Sentia-me sozinha, mas abençoada pela "janela". 
Em momentos de crise era amparada por seres que apareciam e logo depois desapareciam para sempre. 
Através da minha experiência entendi que não temos um anjo pessoal, mas atraímos o que mais se afina com nossa vibração do momento em que pedimos ajuda. 
O meu sonho recorrente da infância, o do Buscar Jorge, mostrava um barbudo. 
Eu logo tive vizinhos, colegas, e depois um chefe chamado Jorge, mas nenhum tinha barba, e nenhum era o Jorge e isso não me preocupava de maneira alguma. 
Um sonho pode ser apenas uma brincadeira da mente. 
Nasci no RS, o primeiro livro que tive em mãos foi o da Coruja Clarinda. Eu devia ter cinco anos e o livro havia ficado numa casa onde fomos morar. 
E eu já sonhava com a equipe de pesquisadores, já sonhava com meus dedos decifrando fios que continham códigos, anotações, preocupações, ansiedades da profissão e felicidades das realizações. Estas viagens eu fazia morando na leitaria, sem TV, sem jornal nem revistas. Mais tarde, crescendo noutro sítio em uma época em que meus pais pouco tinham tempo para prosas, muito menos poéticas. Lembranças do passado?: loucura! 
Enquanto construía minhas maquetes e brinquedos, pensava que se era loucura, o melhor era esconder, já que não queria de maneira nenhuma ser tratada como os excluídos surtados que tinham apelidos exóticos. Não seria uma! 
Observação, sintetização e determinação. 
Até os trinta anos foi assim. 
Até ser apresentada ao kardexismo. Que foi como matar a sede de trinta anos, em que eu sabia que a água existia, via que existia, mas não conseguia chegar nela. 
O forte preconceito reinante, que juntava no mesmo saco tudo o que não fosse tradicionalmente aceito, me impediu de ter acesso a teoria das vidas passadas. 
Quando comecei a ler sobre o assunto e frequentar em casa de família amiga, os estudos no lar orientados pelo do Evangelho Segundo Kardec, tudo que andava solto e colidindo dentro de mim começou a ir para o lugar e formar-se em força maior, um eu continental; as sensações ao tocar objetos impregnados com as vibrações de quem o tocou antes, a pressão da ansiedade da mente coletiva nas multidões, os déjà vus, as premonições, tudo lá, tudo no espiritismo, na Seicho No Ie, na Rosacruz, na Cabalah, na Bíblia - os links se abrindo, o mundo se apequenando, eu crescendo e fazendo parte de tudo; e desde sempre!
Qual foi o primeiro passo? Conhecer a terapia da Dra. Renate Jost de Moraes, meus amigos kardexistas, a Cabalah e seus portais, a Rosacruz com seu movimento de iluminação acessível? 
Penso que farta de observar e sintetizar, resolvi determinar e assim começa toda estrada movimentada da qual a maior parte das gentes tanto foge, não por covardia, mas por que é duro demais, mesmo. 
Não é que eu tenha mais força, somente ocorre quem tem mediunidade pode se agarrar o quanto queira em não aceitar-se, mas num determinado ponto o que está por dentro fica maior do quê o container, e é trabalhar os dons e portais ou virar o louco da aldeia...mas pensando bem, num mundo em que a maioria se agarra para não entrar em movimento ou  aceitar a senda, os que se dispõe às alterações não são mais ou menos isso? 
Pensando melhor, não estamos chegando a conclusão - através de imensos estudos - de que todos têm estes "dons" em maior ou menor proporção, e sendo assim, os loucos, com o avanço da ciência, virão a ser  os que não aceitarem desenvolvê-los, não é?
Aos trinta e seis anos eu morava em Erechim, foi  quando os sonhos voltaram intensos e recorrentes, era um grupo de exilados em uma gruta, era o barbudo novamente e um drama de intensa pressão pós trauma coletivo.
Comecei a escrever conforme entendia os sonhos, comecei a escrever tudo, a escrever para todos, estava com internet, encantada com a internet, todo endereço que chegava até a mim eu anexava aos meus contatos e escrevia contos, crônicas e enviava. 
Aos quarenta anos cheguei em São Paulo. 
Foi quando encontrei o barbudo, o que não era para existir -se eu fosse louca - e me entreguei ao movimento novamente, com muita alegria , conforme diz a filósofa Viviane Mosé sobre sua entrega ao tempo: "Dizem até que ando remoçando". 
Entrega feita, dores mil, mudanças, rupturas, sofrimentos enormes, eis que um barbudo tão sonhado deve ter sua vida pronta e determinada, como eu tinha. 
Quem inventou o termo chuva de canivetes deve ter passado por trecho semelhante ao meu. 
Um passado como o meu, e, para da chuva ter desfrutado, ter tido uma determinação similar.
Mas e daí?
Ando remoçando, sim, pois ele existe e a constatação de sua existência tirou de sobre mim o medo de ser louca. 
Desde que o reencontrei, meu mantra é:
Eu Não Tenho Medo.

Pinturas que fiz em 2001, óleo sobre tela, atelier A Casa do Bispo - Erechim/RS

Dra. Renate Yost de Moraes - ADI

http://busquesantidade.blogspot.com.br/2009/09/adi-abordagem-direta-ao-inconsciente.html

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