11 agosto 2015

Desgosto de Princesas

Desgosto ao ouvir adultos declarando as meninas de suas famílias como princesas.
São pais e mães que, ou não pensam, ou pensam  mas tem uma ideia errônea do que é ser uma princesa, pois a estas meninas dão a pior educação possível, são crianças criadas para comportarem-se como larvas sem o benefício da transformação, se obedecerem a sina ditada pelos incentivadores. Na natureza, a larva é apenas um estágio, e as meninas princesas ao chegarem na idade adulta continuam a agir como se portassem alguma deformidade incapacitante.
São filhas de mães que procuram alcançar resultados, não importando os meios que empreguem, somente o que conta é o resultado. Mas os resultados, a coroação, o êxito que elas valorizam  não é para todas e, na economia universal, o êxito só é permanente e autêntico quando obtido com lisura e transparência.
Pobres meninas ricas ou pobres: pobres princesas  fadadas a frustração e quase sempre obtendo como maior calo laboral, o desequilíbrio psicológico.
Eu desgosto de mães que dizem que criaram suas filhas como princesas, que devemos tolerar-lhes qualquer abuso, "porque foi criada como princesa."
São unânimes em declarar de onde vem a realeza:
"Sempre foi a princesa do papai." A mãe é a dispenseira, a governanta, a preceptora, em tais casos, é também o arauto, sempre!  Mas é ao pai que é dado o crédito, é onde está a raiz da nobreza.
Somos buscadores, buscamos especialmente um lugar especial nos corações e mentes, é natural, mas não é natural jamais olhar-se no espelho da consciência, não pesar as palavras, não buscar a origem delas e suas consequências, ainda mais quando definimos os amados.
Não é ao declarar que a minha filha é uma princesa que estou garantindo-lhe uma jornada menos agreste. Pior...estou limitando-lhe as opções, e ninguém quer limitar oportunidades de desenvolvimento para os filhos, mas estamos muito enganados quanto ao que seja pertencer a uma família real. 
É trabalho duro, minha gente, é ser trabalhado desde o nascimento, e antes; à criança real não é dado o mesmo o direito de uma gestação normal, ela é cobrada pela sociedade, ha que sair tudo muito certo: "Encante-nos como é sua obrigação!" 
É pressão por todos os lados, educacional, familiar, social, e além do mais, estar no foco como símbolo de riqueza e status é a mais arriscada de todas as modalidades de vida existentes sobre a terra. E como deve ser crescer, formar-se com esse peso sobre si?
Não há quem não conheça ao menos uma pessoa capaz de matar por dinheiro, pois é, há muitas, e todas esperando uma oportunidade, ou operando para gerar uma, de alcançar as jóias.
A condicionamento princesa, na minha opinião, é pior do que o das profissões femininas, em que as famílias identificam os dotes domésticos das filhas e incentivando-os, excedem-se sufocando dons, talvez.
Eu incentivei minha filha na cozinha, ela percebeu a limitação e foi para outros ramos diametralmente opostos, eu fui junto, incentivando. Eu incentivarei qualquer coisa que não seja prevalecer-se sobre o outro na postura do direito adquirido ao nascer. Quanto às filhas, educar, proteger, dar carinho e proporcionar bons momentos, mas preparar para um futuro plebeu, penso que é a postura mais sensata.
Se aparecer um príncipe consorte para ela, não judie dele, fique "de boa". Mas não é o objetivo, não enlouqueça, neurotize sua filha. Tu sabes quantos príncipes estão dando sopa neste momento, no mundo?
Pois não é um número suficientemente grande para atender a abundância de filhas princesas, isso eu garanto. 
Hoje em dia, a probabilidade de encontrares um príncipe para sua filha plebeia, embora irrisória, ainda é maior do que foi antigamente, quando os príncipes casavam-se com princesas da família. No antigo Egito era rotina o príncipe casar-se com a irmã para garantir que o poder ficasse em família. 
Não é mais assim.
Então, queres iludir sua filha princesa de que príncipes abundam? Que seja, mas na grandessíssima parte das vezes eles não admiram moças larvas. 
E o mais estranho é que as mães ditas lutadoras pelos direitos das mulheres é que criam filhas princesas, "para não sofrer como eu", e quem disse que larva é sensível?
Ah, eu já sofri tanto. E superei-me, espero que minha filha sempre saiba superar-se, pois a única garantia que temos, é a de que continuaremos a enfrentar provações. Tudo bem, desde que vencê-las seja uma vocação. Ter objetivos é uma benção, ter determinação e coragem para lutar por eles é que é a coroação. 
Ensinar sua filha a desejar que os outros se deitem para ela pisar em seus pescoços é sinônimo de loucura, é enlouquecê-la, não enobrecê-la.


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