28 julho 2015

O Dom de Voar - Richard Bach

"Todos os pilotos vivem o mesmo céu em todo o mundo, mas os pilotos das grandes companhias têm mais obrigações e vivem mais rigidamente dos que de qualquer outro tipo, mesmo os pilotos militares. Têm de engraxar os sapatos, usar gravata, ser gentil com os passageiros, seguir as regras da sua companhia e as do Regulamento Aéreo Federal, nunca perder a cabeça.
Em troca, recebem mais dinheiro por menos trabalho do que qualquer outro profissional e, mais importante ainda, têm o privilégio de pilotar excelentes aparelhos, sem ter de pedir desculpas a ninguém.
Hoje em dia, as principais companhias exigem instrução superior dos seus candidatos a piloto e, com isso, perdem os seus melhores homens para as pequenas companhias (que realmente precisam dos melhores pilotos, para enfrentar um maior número de problemas) e para as companhias de táxis aéreos e pulverização agrícola. O porque dessa exigência de instrução superior não se entende bem, já que um piloto com conhecimentos de zoologia pode saber muito de ictiologia, mas um piloto formado na escola da vida - cujas fileiras são grandes, embora estejam diminuindo - voa e pilota seu avião porque se interessa por ele e lhe tem amor, e não apenas porque deseja obedecer às exigências da companhia."
Extraí este trecho do livro O Dom de Voar, escrito por Richard Bach e publicado no Brasil pela Editora Record, o meu exemplar é um da oitava edição, adquiri-o em um sebo na praia de Mariluz.
Richard Bach, neste livro, compila crônicas escritas em uma determinada época de sua vida, quando ainda lutava com o arranjo das ideias, mas já declarava estar sentindo-se mais bem sucedido quando escrevia como respirava, no piloto automático. 
O Dom de Voar chega às minhas mãos trazendo tanta inesperada informação técnica sobre estes aparelhos voadores que admiro e amo, que penso que é a bem-vinda parte teórica de um curso de pilotagem e também manutenção de um aparelho. A brilhante afirmação que reproduzi acima está no capítulo À Deriva no Aeroporto Kennedy, mas está ligado, sendo a conclusão para um raciocínio lançado em um dos primeiros capítulos do livro, o Aço, Alumínio, Porcas e Parafusos, em que Richard descreve de forma descontraída, sintética mas muito ilustrativa a composição material de um avião, motor, fuselagem e esquema de produção e funcionamento, para finalizar narrando um episódio real em que um colega piloto sofre um acidente e salva-se devido a um milagre de interação "emocional" com a máquina, um antigo modelo Aeronca Champ.
Não vou narrar o episódio completo, espero por ti, para que leias e depois possamos comentar, tecer conjeturas, comparar dados.

"O mundo da aviação não se relaciona apenas com decolagens, pousos e funcionamento dos motores. 
-Voar é minha religião, diz Richard Bach, é a maneira que tenho de descobrir a verdade."
  

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