29 março 2013

Sexta-Feira Santa

A semana especial, Santa pelo inexorável magnetismo que faz com que tudo que tenha que ser, seja, transcorre ouriçada nestes dias de definições abertas em que a transparência pode não ser a mola propulsora, o ambiente, o impulso inicial, mas é o fecho para todo e qualquer movimento, atitude, negociação. 
Os ramos estendidos ao chão do domingo passado, carregados no peito pelos humildes, agitam o pó e ao invés das habituais pátinas perpetradas nas celebrações de antigamente, hoje agitam energias centrífugas mais potentes que os incontroláveis eventos atômicos depois de deflagrados.
Homem, para onde vais?
Criança, em quem crês?
Mulher, onde colocas tua força?
No corredor espelhado a besta tangida movimenta-se a passo sonambular despertada por aquele compasso, a linha pontilhada. Galga a estrada murada da moderna Babilônia, interpenetrando-se com a manada adestrada para tal. 
Para seguir sem saber o quê nem para quê, mas com a força emprestada da energia  invocada a mantras primais, 
a coitos animais, 
a vertidas linhas sangrentas, segue o passo potente o  grupo autômato que está entregue ao livre arbítrio, mas livre arbítrio de quem, se os que palmilham o rumo do sacrifício, estão entregues, massa material sem direção espiritual. Manipuláveis vampiros e  vampirizáveis.
Ainda e sempre os anjos humanos no alvo dos  animais vorazes. Tanto faz se vão em frente, ou atrás, sobre...tanto faz!
Só sendo vidente para evitar o choque com os desgovernados em curto circuito, que nem mais sinal de seta dão. Autômatos, drogados, puxados por cordões invisíveis, carregando no ventre a possibilidade da libertação, que ao invés de fruto do ventre, alumbra como ação fisiológica, devorada que foi na nascente, pela inconsequência; não escolhem. Dementes, guinam, chamam a isso "viver a vida", e derrapam fugindo a qualquer lógica do movimento divino. Viciados deflagram desastres. Previstos desastres...
Presente e acessível ainda está a aérea Boa Nova, ramagem da altura da videira, palpitando vibração de cura, latejando solução de Amor, retida sob as amareladas folhas outonais. Quer brotar, mas permanece maturando pela falta de atenção dos jardineiros que todos somos.
"Um elefante passava toda a tarde sobre o formigueiro e o pisoteava e destruía. As formigas se punham a trabalhar e o reconstruíam, noutro dia lá vinha o proboscídeo com seu andar pesado e acabava com o ninho novamente. 
As formigas restantes, fartas daquilo resolveram eliminar o mastodonte moderno, subiram todas na árvore, e quando ele passou se jogaram sobre o rugoso lombo. O elefante sentido o comichão, chacoalhou-se e foram todas ao chão. Menos uma. As que caíram, então gritaram com suas vozezinhas agudas e irritadas:
- Esgoela ele!"



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