22 novembro 2012

Hebe Camargo, Munch e Sergio Vieira de Mello

Ontem Joseph pediu para ver o nascer do sol. Acordamos atrasados e saímos sem rumo, sem compromisso, para onde nos pareceu melhor, e é assim que se chega na praça Sergio Vieira de Mello, hoje, com o orvalho gordo, com a capim alto e as pombas da paz em sério colóquio; umas trinta a quarenta, 
brancas (Titâneo), 
marrons(Terra de Sombra) 
e cinzentas (Branco Titâneo com uma pitadinha de Ivory-Black) reunidas em círculo cheio confabulando em estranha linguagem. 
Esperanto das pombas, como é correto na praça Vieira de Mello. 
Olhavam para o banco - porque está quebrado, será? Por mais calados, ouvidos atentos e caras blasé, que tenhamos posto para passar ao largo, não compreendemos o assunto, somente conseguimos não atrapalhar o conchavo. 
Sol nascido, acolhido em manta branca e bem-dito, decidimos rumar para um ponto curioso que do mirante a vista alcança sem muito estreitar de olhos, perto, portanto. 
Mais ou menos a 
um tiro de trabuco(de bambu) 
com bola de cinamomo(verde), 
dum de espingarda de pressão, 
mas certamente não ao alcance duma rosa arremessada 
mesmo com muita força. 
Seguindo, dobramos colinas, andamos por ruas trilhas traçadas por mulas, corroboradas e passadas a limpo em petróleo. 
Paramos nas curvas 
pararam os carros - naquela região  mãe e filho recebem prioridade no trânsito - agradecemos de cabeçadinha e... curioso, tão perto, ainda assim...
mas ocorre que o sol neste dia amanheceu 
como se tivesse sido pintado por Munch. 
Era quase sol artificial, no nascimento.
Trilhas contornadas devagar ao passo das oito entramos em um Guethsêmani repleto de pássaros, arvoredo e grama Verde-Vessie, com tons de Vert Esmeraude; ainda do que trouxe da França!, sendo que abaixo das copas das árvores era um Verde Cromo batizadinho com um kadinho de Azul Ultramar. 
Instalada onde seus amigos a podem visitar, encontramos a nova morada de Hebe Camargo. 
Fica numa coxilha do parque 
em frente a um banco verde-esperança, por estar a Hebe ali. Mas quando novo foi verde-Bauer-Malerey. 
Sobre tudo, pinheiros alemães. 
Sendo o melhor arranjo possível, Hebe repousa junto aos familiares cantos de pássaros. Espera. 
Bem pouco, e será ainda mais sentida a ausência balizadora da encantadora de gentes na dinâmica da TV brasileira. 
Assim como a taça de tinto em que se derrame água corrente em pequena quantidade, a fanfarra mudará de cor, e até quem nunca pensou sobre isso, saberá:  insubstituível. 
Sem a vitalidade de sua presença sorriso, alma estranheza, sem a intensa capacidade que conservou até em meio impróprio, de se abismar diante dos abismos, de crer no que via, de se encantar e interessar com entrega, a Ordem logo puxará uma menininha para a dança lenta da vibração vital. 
Ao Criador interessa muito a manutenção atuante das unidades intensas que compreendem que honrar os dias, receber alegremente as dádivas constantes enquanto o coração cadencia a ligação, dilata o Amor Universal, o objetivo maior da matemática da Perfeição.
Acolher em amorosidade as novas chances que recebermos é bastante saudável para a onisciente  economia planetária.

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