09 maio 2013

Todos os dias são das Mães



No início da semana fui pegar o presente para a mãe. Ao passar por uma loja na rua 25, vi na semana passada uma miniatura de máquina de costura com caixinha de música que toca Debussy: Clair de Lune: Será que ela vai gostar? Se o tempo é de vacas magras durma sobre a dúvida antes de comprar. 
Na segunda-feira voltei à região e com o coração apertado corri até a loja. Se não houvesse mais? Sabia agora que sim, que a mãe adoraria este pequeno mimo com muito carinho. Camille ontem o pôs no correio; e, mas então, voltando da loja passava pela Catedral da Sé. Subitamente fui pega pelo encantamento, estado de espírito que envolve feito cúpula. As pombas levantavam em revoada, as pessoas atarefadas preparando-se para engrenar um inverno, gentis sorriam. Alguns lugares fedendo a humanos que dormiram sujos por ali na noite anterior, substituindo humanos descartáveis dos anos anteriores, e o mundo passando. 
Sim, estou em São Paulo, e em alguns segundos voltei anos no tempo, até o final dos anos oitenta, na excursão que trouxe do rio Grande Sul, a turma do curso de Educação Artística da FIDENE, 
Inge e nós, suas alunas(eu, do atelier) com visita monitorada agendada para as catacumbas da Sé, 
Deixáramos o ônibus próximo ao Teatro Municipal onde curtíramos no meio-dia musical um espetáculo de violinos soberbo, e caminhávamos medrosos entre os pedintes e meninos portando bolsas plásticas cheirando cola, que puxavam nossas mangas pedindo esmolas. 
Muita coisa mudou e esse triste espetáculo já não é comum. Hoje moro em São Paulo, a Inge morreu, e aqueles dois filhos bebês que eu havia deixado no RS para vir estudar e conhecer São Paulo, Arte, Arquitetura, cresceram e estão casados e morando aqui. 
Um já me deu um neto.
Só quem não consegue enxergar é que se deprime ou é agressivo. 

Fotos: Maicon, meu filho mais velho, tatoo e editor de vídeo, com o meu neto Davi. Marcelo, incorporado em seu trabalho como aderecista e cosplayer, o Hellboy. Admiração de mãe e avó!

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