25 fevereiro 2011

Dom Manuel Edmilson Cruz - O Princípio

O Bispo cearesce Dom Manuel Edmilson Cruz, compareceu a cerimônia em que lhe seria outorgada pelo Senado Federal a Comenda dos Direitos Humanos Dom Hélder Câmara, chegou a receber a placa das mãos do senador Inácio Arruda, então foi aplaudido de pé pela platéia ao recusar a homenagem, disse que em protesto ao reajuste de 61,8% concedidos pelos próprios deputados e senadores aos seus salários:“A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Hélder Câmara. Desfigura-a, porém. De seguro, sem ressentimentos e agindo por amor e com respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la”. O bispo destacou que a realidade da população mais carente, obrigada a enfrentar filas nos hospitais da rede pública, contrasta com a confortável situação salarial dos parlamentares. E acrescentou que o aumento “é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão contribuinte para bem de todos com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho”.
E em visita a Paris, o elegantérrimo Papa Bento XVI declarou que "Ser anti-semita é ser anticristão". Acresentou durante o encontro com representantes da comunidade judaica, que: "A Igreja se ergue contra todas as formas de anti-semitismo, para o qual não existe nenhum tipo de justificativa teológica aceitável." Meus respeitos a nova pegada da Igreja Católica, embora a Inês seja morta, antes tarde do que nunca, se os passos seguirem as palavras já dá para ver a luz no fim do túnel! Salve Bento XVI - O Elegante, em um novo Universo, o elegante!
E clicando no título da postagem, nove minutos de equilibrio concentrado.

23 fevereiro 2011

O ano do Coelho - Felipe Liu

O empresário Felipe Liu é filho de Selma e Alexandre, estimulado por eles, apoiado também, sua noiva é Carolina, ah, sua noiva...suspira. Na última semana de preparativos para o início do ano novo chinês, o do Coelho, Felipe esteve em minha exposição no Kohii & Cultura, ajudou-me a divulgá-la e os resultados mostram, o fez com determinação e competência. Felipe diz, Felipe faz, sua integridade é esperança para o admirável mundo novo! Desde 2010 é o mestre de cerimônia nas apresentações artísticas no palco montado em frente o metrô Liberdade, o mestre é sempre um gato diferente, ouvi dizer, 2010 foi o ano do Tigre. Felipe Liu é Júnior Chamber Internacional Brasil China. O presidente do JCI no exercício de 2010, corre no Ibirapuera, você corre, me pergunta. Felipe corre e organiza dragões e leões animados por gentes orientais e ocidentais, que trazem sorte para São Paulo. A ONG de voluntários que presidiu promove a cidadania e inclusão, oferece cursos de capacitação profissional e desenvolve lideranças entre os jovens de origem chinesa de 18 a 40 anos. Ele e a equipe trabalharam seis meses no projeto e organização das comemorações para receber o Ano do Coelho com fogos, apresentações de danças, grupos musicais e pintores de ideogramas. Na semana que antecedeu a comemoração, os bonecos gigantes, o Dragão e o Leão apresentaram-se pela cidade, duas equipes de atletas de artes marciais (doze para o dragão e dois para o leão) são preparados e recebem como honraria a incumbência de movimentá-los, este ano divulgaram o evento apresentando-se no Parque Villa Lobos, nas imediações do portão 6 do Parque Ibirapuera e no vão livre do MASP, depois, bem sagrados, retornaram ao bairro oriental da Liberdade, evolucionaram um bocado e fizeram uma pausa ao meio-dia do domingo, 30 de janeiro, para assistir a abertura oficial da comemoração feita por Lú Alkmin, a primeira dama de São Paulo. Você gosta do Dragão e do Leão, pergunta sorrindo, Felipe se importa, anda pelo mundo perguntando, quando descobre um novo caminho, percebe uma postura diferente, investiga, se a tradição ancestral não avisou, desvenda por conta e anexa, escreve no livro da vida uma história bonita de um ser disposto a aplainar estradas para os que vem atrás. Diga seu lema, uma frase, o que te move, Felipe? Com o olhar sério ele traça no alto, vizualiza tão nitidamente que até eu percebo o holograma projeto: Servir a humanidade, o maior sentido da vida! Imagino que durante o sono Felipe sonha com um mundo mais justo, uma vez que de dia evidentemente trabalha para materializá-lo.
Para saber mais sobre a maior flor do mundo,a que Saramago aponta, clique no título da postagem

21 fevereiro 2011

Um dos poucos representantes do governo de Sua Majestade lembrado pelos árabes com algo semelhante a afeição

A manhã era nova e a chuva viera forte, descendo em fila entre os arbustos e árvores úmidas que apertavam o trilho enroscando volta e meia em minhas pernas e roupas curtas de verão, chuva forte de verão, no trilho batido sabão escorrido desliza que te vejo cair, gargalha o primo, mas a prima diz que não tem graça não vê que é pequena e temos que cuidar!? Ara, que pena que não dá para judiar, ouvi quando pensou. Atrás a mãe e a tia: Será que não tem perigo Luiza? Nenhum respondia a tia. O Potiribu roncava coisa feia à frente. Enchente! Subira muito, avançou alargando as margens escondendo as pedras da taipa onde tia Luiza lavava roupas: – Foi uma noite bem chovida! Chegando à beira do rio as mulheres a catar bromélias entretidas a sonhar jardins aconselharam a ficarmos quietos, mas se quietos fazemos artes. Cleide e Juarez me ensinaram como agarrar nos arbustos de forma a botar o pé na correnteza sem perigo de cair no caudal ocre do monstro senhor, o Potiribu bufava! Queria me levar ele disse: -Vem guriazinha, que a vida muda, é só uma brincadeira, tu te largas e te levo, chacoalhas um pouco bebendo d’água, é uma brincadeira bem diferente, vem menina! 
Sei que é rápido o rolar na água, rolar com tocos e galhos loucos, gira o redemoinho Potiribu! Sei o que acontece com quem tu carregas, tenho quatro anos de vida esperta. Depois que o rádio conta, demora uns dias e as carnes inchadas aparecem espetaculosas a dar vexame; ele gargalhou desaforado: 
-Sabidinha porqueirinha, formiga que te agarro, e o galho logo acima cedeu, água abaixo enroscou meu pé, suas unhas cravaram em minha canela valendo uma viagem. 
Gritam os primos ordens seguras e barranco acima salta a gatinha, unhas de lama, arfando viva, nos braços todo o poder. Braços de quem, o poder? Acodem as mulheres à gritaria. 
-Não foi nada, a bobinha está chorando porque deixou o chinelo cair e o rio levou. 
-Levou o chinelo novo? Merecia umas chineladas com o que ficou! Novo, novo, Havaianas novas, Luiza!
-Não tem importância, chega de bromélias, vou fazer um chá de mate com leite e fritar bolinhos, a manha passa - mas que bromélias! 
Meses depois voltamos a casa da tia, havia uma alegria de festa, os pescadores haviam encontrado o chinelinho da menina preso nuns galhos alguns quilômetros abaixo, como sabiam que aqui tem crianças, trouxeram, está novo e limpo!
Tu saberias informar onde andará o outro pé do meu chinelinho?


Nas fotos: T. E Lawrence, Rei Faisal e Gertrude Bell, a arqueologa inglesa nascida em Washigton Hall, aos 14 de julho de 1868. Pesquisadora nata que desde cedo manifestou interesse na política internacional. 
Após muitas viagens onde ajudou a mapear especialmente o Iraque, pelo cabedal de conhecimento acumulado e o bom relacionamento no Oriente Médio, tornou-se a mais qualificada mediadora entre governos árabes e oficias britânicos. 
Gertrude é descrita por Thomas Edward Lawrence, o oficial inglês personificado por Peter O'Toole Lawrence da Arábia, (clássico filme de 1962), como sendo capaz de acender fogueiras em câmaras frias
m 1916 foi convocada a integrar a recém formada Mesa Àrabe, tal era sua influência e respeitabilidade entre todos os integrantes da Aliança. Chamada pelos iraquianos como "al-Khatun" - a Senhora da Corte que tem olho aberto e ouvido atento para o bem do Estado, foi confidente do rei Faisal do Iraque e ajudou a introduzi-lo e a ser aceito no papel pelos líderes tribais do Iraque.
Hoje sua intervenção e apontamentos são referidos como potencializadores das infindáveis crises na Região, porém, ela sempre afirmou que o trabalho que começara precisava ser continuado na mesma linha para que o resultado fosse o ideal. 
Participou da fundação e formação do Museu Arqueológico do Irak em Bagdá, cedendo artefatos de sua coleção. Escreveu muitos livros e correspondência, relatórios de inteligência, obras de referência, pelo excesso de trabalho e por ser fumante inveterada sofreu ataques de bronquite recorrentes potencializados pelo clima quente de Bagdá e pelos surtos de malária, que muito a fragilizaram, nesta época teria comentado com sua madrasta e confidente da vida toda, que após concluida esta jornada: "trataria de nunca mais fazer reis", encontrava-se extenuada. 
Desde a morte do major Charles Doughty-Wylie em 1915,o único homem que amou, Gertrude tornara-se também sujeita a crises de depressão. 
Em 1925 viaja para a Inglaterra onde encontra a família de empresários arruinada pelas greves pós Primeira Guerra Mundial, retorna a Bagdá e desenvolve pleurisia, logo que se recupera é informada da morte de seu irmão Hugo
Gertrude faleceu em 12 de Julho de 1926. Aparentemente teria exagerado nas pílulas para dormir, uma vez que pouco antes de deitar-se pediu a sua empregada que a acordasse em determinado horário. 
Foi enterrada no cemitério britânico em de Bab al-Sharji, Bagdá o Rei Faisal acompanhou o cortejo de sua varanda. 
Seu colega David G. Hogarth escreveu seu obituário manifestando o respeito dos oficiais britânicos liderados por ela: Nenhuma mulher em tempos recentes tem combinado suas qualidades - seu gosto pela aventura árdua e perigosa, com seu interesse e conhecimento científico, sua competência em arqueologia e arte, seu dom literário distinto, a sua simpatia para com todos os tipos e condições dos homens, sua visão política e valorização dos valores humanos, seu vigor masculino, de senso comum e da eficiência prática - temperada por um encanto feminino e o espírito mais romântico de todos.


Para o vídeo sobre uma da expedição de Gertrude, a de Tur'Abdin, clique aqui, ou no título da postagem http://www.youtube.com/watch?v=mq28E5P80e4

20 fevereiro 2011

Centro de Cultura Judaica - A Semana

Esta semana o Centro da Cultura Judaica está repleto de atividades.
Na terça dia 22/02,Filme/ Tortilla Soup:Uma refilmagem de Comer, Beber, Viver em versão americana focado numa família mexicana que vive em Los Angeles. Novamente o tema desenvolvido por Ang Lee no filme original, a desintegração e posterior remontagem da família tendo como pano de fundo a cozinha é retomado nesta gostosa versão. O filme foi inteiramente rodado na cidade de El Segundo na California e tem como curiosidades a participação de Raquel Welch ( Hortensia), ainda muito bela mas aqui revelando sua origem venezuelana e uma boa trilha sonora que inclui Sem Contenção com Bebel Gilberto e o classicissimo Perhaps,Perhaps,Perhaps com Lyla Downs ( que depois interpretou a linda Burn it Blue de Caetano Veloso no filme Frida, pelo qual concorreu ao Oscar).
Movimento Violão:Movimento liderado por Paulo Martelli que defende, apresenta e cria repertórios para violão com a participação dos maiores instrumentistas brasileiros e estrangeiros. Além dos seus repertórios próprios, em uma troca dinâmica com o nosso espaço, os músicos se ofereceram a sempre brincar um pouco com o repertorio judaico.24/02 às 20h00
Teatro de Bonecos Vovô, com Cia Truks:Através da capacidade dos bonecos de retratar a vida em caricaturas ou metáforas, a Cia. Truks de Teatro de Bonecos, em uma linguagem lúdica, porém cheia de poesia, e acessível às crianças, em seu nespetáculo “VOVÔ”, faz uma singela homenagem aos imigrantes que chegaram ao nosso país em meados do século passado. Não somente, celebra a continuidade da vida, simbolizada por uma de suas mais fortes marcas: a corrente inquebrantável da família.26/02 às 16h00
Matinês culturais - ** NOVIDADE PARA CRIANÇAS **
Estas tardes possibilitam que alunos de 07 a 09 anos participem de atividades relacionadas à cultura judaica após o horário de aula formal, como: danças folclóricas, visitas às exposições, filmes, culinária, oficinas de artes, festas e tradições judaicas.De 1/03 à 13/12 das 16h00 às 18h00
História Judaica: de Abrão até a Inquisição, com Gabriel Steimberg
Este curso pretende narrar a história do povo judeu, do seu nascer até a expulsão dos mulçumanos da Península ibérica. As aulas priorizam aspectos antropológicos do pensamento judaico. Ao mesmo tempo, trabalha as transformações religiosas de Abrão até a Idade Média, e suas influencias no cotidiano das sociedades judaicas.De 30/03 à 1/06 das 20h15 às 22h00
Inscrições:11) 3065 4337 - 3065 4349 - secretaria@culturajudaica.org.br - Rua Oscar Freire, 2.500 - Sumaré - CEP 05409-012 - São Paulo - SP - Brasil
O Lenine no teu clique: Tão Rara...
http://youtu.be/oNIzExT2FUs

19 fevereiro 2011

Luciana

Conheci Luciana quando nasceu. Não ajudei a escolher seu nome porque eu não tinha nada a ver com o bebê que minha mãe ia ter. Eu tinha dez anos e muito no que pensar. Logo que nasceu dei-lhe meu desconhecimento, mas um dia, na cozinha ao passar pela caminha dela dei uma olhada e algo me fez voltar para observar melhor aquela pessoa curta e gordinha dormindo no berço de vime entre babados brancos. Vestia um conjuntinho amarelo que minha mãe tricotara em ponto arroz. Meu coração aqueceu e alguma coisa me ligou a ela. Dalí em diante eu voltava da escola e corria ver o que acontecia no berço, mas ela só dormia. De vez em quando podia pegá-la no colo e me sentia tão ansiosa quanto uma onça que adotasse um filhote de macaco ou coelho, dava vontade de morder, ou era para brincar? Eu ficava a analisar as mãos gorduchas fechadas e cheias de covinhas espremidas contra as bochechas, num sono de espera. Olhando para o bebê eu crescia, meu espírito ondulava e eu virava pé de vento e temporal, e não entendia - era amor. Algo grande acontecia ali, aquela boneca de cabelo vermelho e arrepiado carregava em si uma massa descomunal de potencialidades. Estar com ela era assistir uma banda bem colorida, passando no sol do meio-dia, os metais lançando chispas bailarinas. Equivalia a felicidade de brincar na chuva fazendo buracos na lama com os amigos da rua. Vê-la tentar ficar em pé, cair e tentar novamente até conseguir era tão precioso como folhear as revistas alemãs de bordado branco sobre azul que a dona Margarida me deixava ver quando a visitava com minha avó. Quando aprendeu a caminhar e falar meu amor ficou um tanto mais manso, me sentia tranqüila. Sentava-me na sombra do cinamomo para fazer as lições escolares após o almoço, e ela, cheirando a talco Johnson’s corria titubeante atrás das galinhas.
A vida deu um salto e quando voltei a olhar em sua direção a menina já havia terminado o primeiro grau e queria estudar na escola agrícola, queria ser técnica agrícola, depois faria agronomia. Estava pedindo para morar comigo no interior, já que nossos pais agora moravam na capital.
Ela saia de madrugada e voltava de tardezinha, chegava em casa com os longos cabelos louros emaranhados de pingos de cal:
-Hoje pintamos o celeiro da escola fazenda.
Eu a esperava no portão e via ela se aproximar devagar, abatida, perdida dentro do enorme macacão azul sujo:
- O terneiro ficou entalado no canal de parto e o professor me fez enfiar a mão na vaca para ajudar, ainda bem que deu certo, mas foi horrível!
Noutras feitas, insegura, com os olhos verdes ainda maiores dizia sem convicção que se saíra bem dirigindo o trator. Um ano e meio e desistiu. Resolveu ser professora:
-Acho que é do que gosto, sinto que é meu caminho. Se casou, formou-se, tem três filhos, continua estudando e trabalhando.
Saí do Rio Grande do Sul e agora nos vemos apenas uma vez por ano. Sempre que nos reencontramos ela esta abatida pelas atividades de final de ano na escola. Leciona em uma escola que fica na cidade ao lado donde mora, todo dia dirige muitos quilômetros pela estradinha de terra batida na serra. Sobe morro, desce morro, pelo fiozinho de estrada que se enrola entre a mata. Sempre que nos reencontramos narra o inusitado cotidiano de quem vai para o trabalho dirigindo solitária por lugares ermos:- Vi uma onça!...Me espanto,ela apazigua: -Era pequena.
-Tive que estacionar na chuva para tirar o porco espinho que não queria sair do caminho. Conta histórias dos seus alunos, das famílias deles e assim vou acompanhando o crescimento de pessoas que não conheço. Atualiza:-Lembra daquele menino que te falei no ano passado? 
E ela lembra que me contou do menino, fico olhando para aqueles cabelos loiros que voam com o ventinho da tarde, para aquela cara bonita de mulher decidida e não ouço a história do menino, o meu espírito ondula e vira pé de vento e temporal, e hoje eu sei, que é amor.

Escrevi em 2004.

Na foto, Luciana com sua filha mais nova, a Manuela, 
Para ouvir a interpretação de Gerli e Haroldo Goldfarb "CANTIGA POR LUCIANA", clique no título.
O vídeo está aberto, arejado Louis Armstrong é a melhor das janelas para a linda experiência no maravilhoso mundo, clique nele e e sorria igual, sonhando com as possibilidades.

18 fevereiro 2011

O Cântico dos Cânticos

Beija-me com beijos da tua boca
Teus amores são melhores do que o vinho;
O alento do teu corpo me embriaga
E pronunciar teu nome desperta
fragrâncias que impregnam tudo.
Por isso te amam as donzelas.
Leva-me contigo; corramos ao teu
quarto e gozemos com alegria.
Evocar tuas carícias embriaga mais do que o vinho.
Com razão se enamoram de ti.
Filhas de Jerusalém, sou morena,
mas sou graciosa;
Morena como as tendas do deserto,
Cheia de graça como os pavilhões
do rei.
Não me negligencies por eu
ser morena.
É que o sol me queima.
Dize-me, amor, onde vais apascentar
teu rebanho e onde descansas
ao meio-dia
Para que, biscando-te, eu não me
extravie entre os rebanhos de
teus companheiros.
Se não sabes onde me encontrar,
bela entre as donzelas, segue as
pisadas do meu rebanho e leva
teus cabritos a pastar juntos às
tendas dos pastores.

Oh, bela, minha amada,
tens as prestâncias dos corcéias do faraó.
que delicado é teu rosto ornado por teu cabelo!
Que graça tem teu
pescoço com os colares.

O perfume do meu corpo vai atrás do
meu bem amado onde quer que vá,
Quando descansa entre meus
seios ele é para mim uma
porção de lavanda,
um punhado de ervas aromáticas.
Que bela és, amada, que bela!
Teus olhos são pombas de serenidade
e graça.

Que belo és, amor! Que prazer!
No campo temos estendido nossa
cama, os ramos dos ciprestes são
nosso telhado e os cedros são as
colunas de nossa casa.

Que bela és amada, que bela!
Teus olhos Têm doçura de pombas,
Teus cabelos são rebanhos
Que descem a colina.
Teus dentes têm a brancura

Das ovelhas tosquiadas que acabam
de banhar-se.
Todas iguias;
teus lábios são duas faixas vermelhas,
Tua palavra é melodiosa, tuas faces têm
o rubor da romã
Teu pescoço tem a graça da Torre de David;
Teus seios são um par
de filhotes gêmeos
Pastando entre os lírios.
Antes que o dia dissipe as sombras,
mergulharei em teu monte
de perfumes,
Entre tuas colinas de incenso.
És bela amada, sem defeito algum.

Vem desde o Líbano, amada;
Vem, apressa-te desde as cimeiras,
Desde as covas dos leões
E dos montes dos leopardos.
Irmã minha, esposa, tens roubado o
meu coração;
Prende-o com uma jóia somente
do teu colar,

Com um dos teus olhos.
Que deliciosos são os amores contigo, irmã, esposa;
Embriagam mais que o vinho.
O alento do teu corpo é a
melhor fragrância.
Teus beijos são doçura, debaixo da
tua língua há leite e mel;
E como o incenso aromatiza tuas roupas!
És um jardim, irmã, esposa;
Um jardim fiel, uma fonte fechada
que se abre apenas para mim;
um pomar de romãs com frutas deliciosas.
Cipreste, açafrão, canela, nardo.
Árvores aromáticas, balsâmicas.
És um manancial, uma fonte
de vida.

Eu durmo mas meu coração vela
Atento ao chamado da tua voz.
Sonho que meu amado bate em minha
porta:"Abre, irmã, amada, pomba,
minha perfeita.
...Que tenho o meu cabelo umidecido de
orvalho e a cabeça encharcada de
sereno".
Já me despi da túnica, vou vesti-la de
novo?
Já lavei os pés, vou sujá-los de novo?
Meu amado põe sua mão na fenda
da porta e me extremecem
as entranhas.
Minhas mãos gotejam mirra.
Levanto-me para abrir, mas ele já não está.
Minha alma sai atrás dele, eu o busco.
Mas ele já foi embora, chamo e não responde.

Oh, filhas de Jerusalém, eu as
faço jurar:
Se encontrem o meu amado, digam-lhe
que desfaleço de amor por ele.

Qual a diferença entre teu amado
e outros? Como reconhecê-lo,
bela entre as donzelas?

Meu amado é forte e corajoso,
destaca-se entre os milhares.
Em sua cabeça refulgem
cabelos negríssimos.
Seus olhos brilham como pombas
...Recém banhadas no leite.
Descansando junto a um rio; suas
faces são um jardim aromático e
seus lábios são flores.
Suas mãos parecem talhas de
ouríves e seu ventre, marfim
orlado de safiras.
Suas pernas são colunas torneadas
com mármore;é esbelto como
um cedro.
seu falar é doce e ele é todo desejável.
Assim é o meu querido, filhas de
Jerusalém,
assim é o meu amado.
Levanta-te, minha bela, levanta-te,
amada, que já é passado o inverno,
que as chuvas já cessaram, que já se
abrem as flores, que já é chegado o
tempo das canções.
Já se ouve a voz das pombas em nossa
terra; já se tem achado o rebento
da figueira;
Já espalham o seu aroma as vinhas em flor.
Levanta-te minha amada,
levanta-te,
minha bela e vem.

...
Fragmento de poema pastoral atribuído ao rei Salomão, 
tem oito capítulos e está no Tanach, a Bíblia Hebraica, 
"Não se pode deixar de perguntar por que este belíssimo poema erótico foi incluído em uma biblioteca como a Bíblia Hebraica. Alguns acreditam que o Cântico foi inclúido entre os livros sagrados porque, considerado um texto muito belo, sua inclusão no Tanach era a única maneira de assegurar que ele não se perderia. Para garantir sua inclusão atribuíram-lhe sentidos alegóricos (Se todos os livros do Tanach são sagrados, o Cântico dos Cânticos é o mais sagrado entre os sagrados)." Ensaio escrito por Eliahu Toker para a Revista 18, publicada pelo Centro de Cultura Judaica.

Para ver Tumbalalaika executado em numa sinagoga em Amsterdã, clique no tiítulo da postagem.

10 fevereiro 2011

Casaco Verde

Ela nasceu na Manchúria, o pai, Naozane Heira e a mãe, Mishi, japoneses, estavam em Houten há seis anos quando tiveram Yasuko (Heira) Hiranobe, em 1945. Ela tinha apenas um ano quando a família começou empreender a viagem de retorno ao Japão. Tentaram retornar deixando a Manchúria pela Coréia, mas encontraram o caminho repleto de focos revolucionários que mais tarde proclamariam a independência da República Democrática Popular da Coréia (09 de setembro de 1948). Surgia a Coréia do Norte, separando a península em dois países distintos, o norte socialista - apoiado pela União Soviética, e a Coréia do Sul, apoiada pelos Estados Unidos. Os dois governos lutavam pela totalidade do território. Em 25 de junho de 1950, tropas da Coréia do Norte, em um ataque surpresa e invadem o sul, é a tentativa de unificar o país sob o comunismo. No mesmo dia, o Conselho de Segurança da ONU, na ausência do representante da URSS, declara a República Popular agressora e nomeia o general norte-americano MacArthur para chefiar tropas de intervenção na Coréia. Daí em diante... Mas nesta época a famíla de Yasuko já estava peleando pela vida no Japão. Quando foram impedidos de atravessar a fronteira da Coréia do Norte para a do sul viajaram uma semana retornando até um porto na Manchúria e daí, de navio chegaram no Japão, e finalmente em sua província de origem: Kagoshima. Em 1958, a família empreende nova jornada, a jovem Yasuko está com 13 anos, e com os pais e irmãos vem para o Brasil. Chegam em São Paulo e vão para Suzano trabalhar no cultivo de hortaliças. Hoje Yasuko é casada, tem uma filha que chamou Maria Esther. Ao visitar minha exposição Ohata no Kohii & Cultura, contou esta linda  história, desenhou mapinha com a rota da viagem familiar e com letra bonita e kangi caprichado escreveu o nome das cidades importantes que marcaram sua vida. Enternecida, conta que o irmão Massanori pode ter quantos casacos de veludo quiser, mas não esquece um verde, muito especial e extremamente aconchegante que tiraram dele numa barreira de revolucionários entre a Machúria e a Coréia...tinha 5 anos, o Massanori..
Na foto, do meu lado esquerdo Yassuko, do direito Junko Kuabata, são amigas a vida toda, grandes amigas, salienta Yasuko, melhores amigas, confirma Junko. Os pais de Junko, Haruno e Eisaku Tsuda, vieram para o Brasil em 1932. Conheceram-se no navio e casaram-se ao chegar em Marília, interior de São Paulo, onde trabalharam na horticultura. Junko é casada, hoje mora em Sâo Paulo, no Tucuruví, tem cinco filhos: Cláudia Mayumi, Ruth Miuki, Clóvis Mitsuyuki, Sergio Mitsuhiro e Wilson Hiroyuki.
Fomos fotografadas por Gil, o garçom hostes do Kohii & Cultura, os quadro ao fundo, fiz em técnica mista, um chama-se Nantsunami.e ou Nangi.
Para música e imagens de arte chinesa clique no título da postagem.

Miss Helga Johansen na Manchúria

Em seu livro de 1937 sobre as missões DMS na Manchúria, Jensen Gullach escreveu a reportagem sobre Helga Johansen, que era uma missionária novinha em folha na época. Em 1944 houve um surto de febre tifóide na Manchúria e os japoneses requisitaram o hospital de Siuyen para internar trabalhadores de um campo nas proximidades. A Dra. Marie, a chefe de enfermagem, Anna Busch, e a enfermeira Helga Johansen, todos contraíram a doença. A Dra. Marie e Anna Busch sobreviveram  Infelizmente, Helga Johansen não.
“Durante sua infância e juventude, Helga ouvia falar sobre Deus e respeitava-o, mas apenas aos 19 anos de idade reconheceu Jesus Cristo como seu Salvador. Logo  percebeu que seu trabalho deveria ser no campo missionário. Com esse objetivo começou a estudar para ser enfermeira. Depois de terminar sua formação em Skive Hospital, Helga se dirigiu a DMS com um pedido para ser enviada como missionária, mas na época não foi possível. Durante a espera, Helga trabalhou como enfermeira da comunidade e como estagiária em Marthabo, e por último em uma escola bíblica em Glasgow. Em outubro de 1936, a DMS designou-a para a Manchúria.
A intenção era que a senhorita Helga Johansen começasse a trabalhar rapidamente, em primeiro lugar no hospital missionário em Suihuafu e, posteriormente em Siuyen. Após uma breve estadia no campo da missão, ela foi para a escola de idiomas, em Pequim, de onde mandou a sua primeira carta aos Missionsblad Dansk, escrito em 1937:
Nesta minha primeira saudação da China, quero mandar um agradecimento de coração, tanto para a Câmara DMS e aos amigos de todo o país. Obrigado por enviar-me como sua representante. Estes primeiros meses foram ricos em experiências e incentivos . Foi um grande prazer ser recebida e saudada pelos missionários dinamarqueses na Manchúria. As três primeiras semanas eu fiquei com Miss Karen Gormsen. Mas a coisa mais importante de todas é descobrir com meu coração o quanto Deus ama este país e seu povo e, assim, confirmou-me na minha vocação missionária. O estudo das línguas é muito interessante.
É como ir numa viagem de descoberta tentando entender o que aqueles sinais misteriosos e rabiscos significam. Isso exige trabalho duro, mas também traz alegria quando de início parece impossível e ininteligível gradualmente se torna claro. Somos cerca de 150 estudantes da língua, dos quais cerca de 80 vivem na escola; 15 países estão representados Eu sou a única da Dinamarca  Ela continuou a carta com sua discussão da arte cristã chinesa, que sempre gostou, e depois assinou a carta,
"afectuosa saudação, sua entusiasta enviada alegre,
Helga Johansen.
Uma carta de contabilidade de Anna Bog para Axel Christensen, 25 outubro de 1944, continha a seguinte entrada sobre a morte da Helga, após sete anos de serviço missionário:
"Você provavelmente já ouviu falar que Helga Johansen. Ela morreu em 16 de outubro de 1944, às 02:00h. O Sr. e Sra. Willer vieram em 20, ela foi sepultada no domingo dia 22. Um funeral muito bonito. Primeiro um serviço dinamarquês em seu quarto, em seguida, um serviço chinês no pátio do hospital. Todas as enfermeiras, os homens e as meninas, levaram-na para o cemitério, seu caixão estava coberto com Dannebrog (a bandeira dinamarquesa), e todos os enfermeiros vestidos de branco... À noite, tivemos uma comunhão dinamarquesa... "
Fontes:
 Arquivos DMS, no Rigsarkivet. Cortesia de Kirten Berggreen Buch.
* Sr. e Sra. Willer" - Trata-se de Reverendo e Sra. Ludvig Willer.O Reverendo Willer nasceu em 07 de outubro de 1900. Ele era o filho do pastor no Aulum, obteve seu diploma de teologia, em 1924, foi o secretário de KFUM em Horsens até 1927, então pastor até 1933.A DMS enviou a Manchúria, em 1934. Ele foi baseado em Dairen. Traduzido por Jørgensen Preben.
Fotografia de Helga Johansen.
Traduzi  para o português com auxílio do tradutor automático Traduka.
Para voar sobre o Rio de Janeiro, clique no título da postagem.

07 fevereiro 2011

Noites Brancas no MuBE - Início

O historiador de arte Françoise Jaunin, comenta o trabalho de André Raboud, escultor expressivo e energético integrante do movimento Noites Brancas, em exposição no MuBe: "Debaixo da pedra polida, a violência. Sob a perfeição da arte original, barbárie. De acordo com a elegância de forma austera, a força de símbolos. Trazendo consigo a geometria da história do estatuário milenar, é como se André Raboud  fosse escultor desde tempos imemoriais, revivendo desde tempos imemoriais, e o sopro de terras distantes de memórias antigas, cosmologias, o ensina o híbrido e ele reinventa a sua linguagem pessoal para colocar mais alma no nosso tempo desespiritualizado." A exposição do escultor francês, em conjunto com as pinturas do suiço Pierre Zufferey vai até o dia 20 de março no MuBE (Avenida Europa, esquina com com Alemanha), é uma ocasião imperdível e especial para conhecer a produção destes artistas expoentes de suas terras de origem. Na noite de 03 de fevereiro durante a abertura da exposição, recebendo imprensa e convidados, o pintor Pierre Zufferey e a noiva lançaram o encantamento da descontração bailando entre as obras da foto abaixo, tão rápido que nem aparecem...ou, quando aparecem, a eficiência dos recursos da camêra mistura as idéias e faz lomografias, declinei do prazer de posta-las, mas imaginem aí, é um casal bem bonito, praticamente um Dr House e uma Demi Moore(?), rodopiando em sentido horário ao som do sax ao vivo, na primeira Noite Branca do Museu de Escultura Brasileiro. A foto acima é do André-escultor-atemporal... Essa gente, os artistas verdadeiros, fazem arte dando continuidade ao que fizeram no passado, ou lembrar do passado é desajustante e produz artistas?  
   Para fazer uma viagem de helicóptero sobre São Paulo, clique no título da postagem.

Rembrandt no Kohii

No sábado, degustando um coquetel de café na exposição do Kohii & Cultura -minha exposição GPS /Ohata, com Zizi Zaba falávamos sobre o futuro próximo e terras distantes. Ela e o marido, o também artista  Eduardo Zabaleta estão de viagem marcada...quando entrou uma moça vestindo geométrico degradê, usando cabelo assimétrico contemporâneo e sorrindo amabilidade cosmopolita. Madleen Laclef, engenheira eléctrica, arrojada não só aos sábados, certamente, portava um vestido trés competitivo com a exposição de arte, que graças a ser no Brasil, graças a artista adorar moda, não segue os critérios de admissão do parque temático Disney, que expulsou a cantora Baby Consuêlo com a justificativa de que ela e seu estilo, cor e formato tiravam a a atenção dos brinquedos...Madleen e o namorado, o cientista pesquisador Arnaud Guibert, estão no Brasil há oito meses e são naturais de Leon, França, Zizi Zaba nos fotografou. Qual quadro preferem?
-O da aula de queijaria Kurt Natorp...sendo franceses...queijos, non?
O casal Femke Vrolijk e Carsten Caelen, economistas holandeses naturais de Roterdã foram pródigos em elogios e comentários na visita que fizeram a exposição GPS/Ohata no Kohii. Carsten disse que o significado do nome do namorado é "Feliz"...é uma delícia trocar idéias com gente que se expõe com tranquilidade! Zizi de câmera em punho - escolham um quadro para fotografarmos. Carsten: -Oh, Kurt Natorp e aula de queijaria, porque somos holandeses...Hambra (Rembrandt)...e levaram fotos em sua câmera...Rembrandt no Brasil, Kohii & Cultura.
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01 fevereiro 2011

A Árvore da Vida

  O homem bom também quer ser verdadeiro e crê na verdade de todas as coisas. Não só da sociedade, mas também do mundo… De fato, por que razão o mundo deveria enganá-lo? — Nietzsche, O livro do filósofo

     A foto acima foi feita por Esther Boise Van Deman durante escavações no Forum Romano em 1909. Esther, nasceu em 01 de outubro de 1862, em South Salen, Ohio, foi a primeira filha de de Joseph com sua segunda esposa, Martha Millspaugh. Com o incentivo dos pais tornou-se arqueóloga e trabalhou em Roma com a datação dos tijolos nas escavações. Está enterrada no Cemitério Protestante em Roma, junto a Porta Ostiense, seu tumulo é marcado por uma pilha de tijolos antigos cujo método de datação ajudou a desenvolver.


Clique no link e poderás ver a Árvore da Vida, ou Sharajat al-Hayat, que está localizado a 1,2 milhas ou 2 km de distância de Jebel Dukhan no Bahrein. 
A árvore está solitária no coração do deserto, no topo de uma colina de 25 metros de altura de areia. A árvore da vida continuou a crescer, apesar do clima extremo. Actualmente, está a 32 metros de altura.http://triggerpit.com/2011/01/17/tree-life-bahrain